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Como os supermercados podem prosperar diante do avanço das compras digitais?

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O tráfego nas lojas caiu 6,9% no último ano. Os supermercados tradicionais precisam reinventar seu modelo de negócios para a era digital e física, incluindo a modernização das cadeias de suprimentos, diante da queda no tráfego de clientes e da consolidação das compras digitais, segundo a Deloitte.

“Os varejistas tradicionais de alimentos estão fazendo de tudo para aumentar o fluxo de clientes nas lojas, mas talvez seja necessário mais do que sushi bars e sucos naturais para reconquistar os consumidores”, afirmam Danny Edsall, principal da Deloitte Consulting LLP, e Adgild Hop, sócio e líder de mercado para o varejo na Europa do Norte e Sul, em um relatório de janeiro.

“Porém, tentar migrar para estratégias digitais mantendo modelos de negócios antigos pode prejudicar o progresso desses varejistas”, destacam. “Isso pode deixar muitas redes em um verdadeiro cenário de panela de pressão.”

Entre agosto de 2023 e agosto de 2024, o número de visitas aos 10 maiores supermercados caiu 6,9%, totalizando 3,95 milhões de visitas, segundo o relatório, que utiliza dados do Deloitte Consumer Signals de outubro de 2024.

O estudo ressalta que a imagem tradicional do típico comprador de supermercado — um pai ou mãe de família que vive nos subúrbios, com hábitos previsíveis — já não representa a realidade. Hoje, os consumidores apresentam grande diversidade de idade, composição familiar, etnia e preferências de compra.

Além disso, marcos tradicionais de vida como educação, casamento e aquisição de imóvel tornaram-se menos previsíveis, o que contribui para um comportamento de compra mais complexo.

Embora o número de compradores exclusivamente online tenha caído 4,9%, com uma redução de 1,42% no gasto total desse público, o volume geral de vendas online de supermercados cresceu 4,45%, com aumento de 3,85% no número de transações.

“Apesar de menos pessoas estarem comprando exclusivamente online, aquelas que continuam fazendo isso estão gastando mais, possivelmente devido à inflação e ao aumento dos preços dos alimentos”, destaca o relatório.

O modelo de compra híbrida — no qual o consumidor alterna entre o online e a loja física — vem crescendo e parece estar equilibrando a queda dos compradores exclusivamente online. No total, o número de compradores online caiu apenas 0,2%.

Apesar disso, as compras presenciais ainda dominam o setor, representando 90% das vendas. No entanto, os canais de entrega e retirada estão se expandindo rapidamente: as vendas por delivery cresceram 34% em relação ao ano anterior.

Para atender às novas expectativas dos consumidores, os supermercados vêm se transformando em supercenters com mix internacional de produtos, oferecendo desde mangas mexicanas até queijos artesanais franceses.

Entretanto, os desafios logísticos e econômicos da entrega de alimentos de forma eficiente continuam. Se o custo de entrega superar o valor das mercadorias, os varejistas precisam reavaliar suas estratégias para proteger a lucratividade.

Além disso, muitas redes estão investindo em experiências em loja, como sushi bars, sucos naturais e serviços complementares, como salões de beleza, clínicas e restaurantes.

Um exemplo citado é a rede Eataly, que ao apostar na oferta de gastronomia de alta qualidade e ingredientes premium, criou uma conexão emocional com os consumidores, alcançando um aumento de 9% na receita em 2023.

Outras redes começaram a produzir marcas próprias internamente e a controlar partes maiores da sua cadeia de suprimentos, visando reduzir custos, aumentar margens e garantir a qualidade. Gigantes como Kroger, Costco, Walmart e Amazon têm investido pesadamente nesse modelo.

Por fim, fusões e aquisições também ganharam espaço como estratégia para enfrentar a pressão por margem e a concorrência acirrada.

“O setor de supermercados chegou ao ponto de ebulição, e os líderes precisam tomar decisões firmes para proteger suas margens e garantir o crescimento futuro”, conclui a Deloitte. “O futuro pertence a quem estiver disposto a repensar suas operações, explorar ativos ocultos e assumir riscos calculados.”

O cenário descrito pela Deloitte não se restringe ao mercado internacional. No Brasil, o varejo alimentar também sente os efeitos das mudanças no comportamento do consumidor e da digitalização acelerada.

De acordo com a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), o setor supermercadista brasileiro movimentou mais de R$ 700 bilhões em 2023, mas o crescimento de canais digitais e a pressão por margens mais altas exigem uma revisão urgente dos modelos tradicionais. Além disso, segundo o estudo “Global Retail Trends 2024” da KPMG, mais de 60% dos líderes varejistas no Brasil já declararam a necessidade de revisitar sua estrutura de operação e canais de venda nos próximos 12 meses, como resposta à rápida transformação digital e ao novo perfil de consumo.

Revisar o modelo de negócios em 2025 deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade estratégica.

Imagem: Envato
Informações: Retail Asia

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