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PMEs registram estabilidade no 2º trimestre, aponta índice Omie

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prestação de contas; pequenas empresas reforma tributária; faturamento; empreendedores; PMEs

O faturamento real das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras manteve-se estável no segundo trimestre de 2025, segundo dados do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). O resultado reverte parcialmente a retração de 2,0% registrada no primeiro trimestre. Na comparação anual, o índice apontou queda de 1,0%.

Os setores de Serviços e Indústria puxaram a recuperação, com altas de 3,1% e 1,2%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2024. Já os segmentos de Comércio e Infraestrutura mantiveram desempenho negativo, com quedas de 1,7% e 2,3%. Na comparação dessazonalizada com o primeiro trimestre, o índice subiu 3,0%.

O IODE-PMEs acompanha o desempenho de empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, monitorando 748 atividades nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Pressões macroeconômicas

O segundo trimestre foi marcado por um cenário macroeconômico considerado desafiador, com alta nos custos e queda na confiança dos empresários. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. A inflação medida pelo IGP-M passou de -4,26% em 12 meses no primeiro trimestre de 2024 para 8,58% no mesmo período de 2025.

“De modo geral, o desempenho do IODE-PMEs no primeiro semestre de 2025 confirma nossas expectativas anteriores de que estávamos entrando em um período marcado por um contexto macroeconômico significativamente mais desafiador para os empreendedores brasileiros, caracterizado pelo retorno das pressões inflacionárias e pela elevação das taxas de juros e a taxa Selic com o patamar mais elevado dos últimos 20 anos no Brasil”, afirmou Felipe Beraldi, especialista em indicadores e estudos econômicos da Omie.

Segundo Beraldi, os empreendedores enfrentaram aumentos significativos nos custos ao longo dos últimos 12 meses. “Tomando como referência o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da FGV, observa-se uma trajetória de forte alta nas pressões inflacionárias a partir de meados de 2024. Em termos comparativos, o IGP-M acumulado em 12 meses, ao final do primeiro trimestre de 2024, estava em -4,26%, enquanto, no mesmo período de 2025, atingiu 8,58%”, explicou.

A recuperação recente é atribuída à desaceleração da inflação, à melhora da confiança do consumidor e ao mercado de trabalho aquecido. Segundo dados da Sondagem do Consumidor da FGV IBRE, o índice de confiança apresentou crescimento médio de 0,7% ao mês entre março e junho de 2025, na série dessazonalizada. A taxa de desemprego permanece em níveis historicamente baixos, com crescimento dos rendimentos reais.

Resultados por setor

O setor de Serviços liderou a recuperação entre as PMEs, com crescimento de 3,1% no faturamento médio real no segundo trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024. O desempenho representa uma aceleração em relação ao primeiro trimestre, quando o avanço foi de 0,7%.

As atividades com maior crescimento dentro dos Serviços incluem ‘Atividades financeiras e de seguros’, ‘Atividades administrativas e serviços complementares’ e ‘Transporte’. O segmento de ‘Alimentação’ continuou apresentando fraco desempenho.

Na Indústria, o faturamento médio real das PMEs cresceu 1,2% no segundo trimestre, após queda de 4,0% no trimestre anterior. Entre os 23 subsetores monitorados da indústria de transformação, 14 registraram crescimento. Os destaques foram ‘Fabricação de bebidas’, ‘Fabricação de papel e produtos de papel’, ‘Fabricação de produtos alimentícios’ e ‘Fabricação de produtos têxteis’.

O setor de Comércio apresentou retração de 1,7% no segundo trimestre, apesar do bom desempenho registrado ao longo de 2024. As quedas foram observadas tanto no atacado quanto no varejo. No entanto, algumas atividades se destacaram positivamente. No atacado, houve crescimento em ‘comércio atacadista de café em grão’, ‘comércio atacadista de joias, relógios e bijuterias’ e ‘comércio atacadista de aparelhos eletrônicos de uso pessoal e doméstico’. No varejo, destacaram-se ‘varejo de medicamentos veterinários’, ‘varejo de artigos de joalheria’ e ‘supermercados’.

No setor de Infraestrutura, o faturamento caiu 2,3% no segundo trimestre, após retração de 7,5% nos três primeiros meses do ano. A queda é atribuída à desaceleração da cadeia da construção civil, afetada pelo alto nível de juros. Entre as atividades impactadas estão ‘Obras de infraestrutura’, ‘Serviços especializados para a construção’ e ‘Construção de edifícios’. O segmento de ‘Eletricidade’ evitou uma retração mais acentuada do setor no trimestre.

Regionalmente, o IODE-PMEs mostrou crescimento na região Sul (+3,6% YoY) e estabilidade no Nordeste (-0,1% YoY). Nas demais regiões, o desempenho foi negativo: Sudeste (-2,9%), Centro-Oeste (-3,5%) e Norte (-12,3%). No Sudeste, apesar da queda no trimestre, o índice registrou crescimento de 0,9% em junho de 2025.

Projeções e riscos

A projeção de crescimento do IODE-PMEs para 2025 foi revisada de 1,3% para 1,0%. Para 2026, a estimativa é de alta de 1,9%, sustentada pelo aumento da renda das famílias — o rendimento médio real cresceu 3,5% até maio.

A manutenção da taxa Selic em 15% até o final de 2025 e a expectativa de cortes somente em 2026, quando a taxa poderá chegar a 12,5%, mantêm o cenário sensível à política monetária. A inflação deve convergir para o teto da meta no próximo ano.

Segundo Beraldi, “no caso da inflação, a previsão é de convergência para o teto da meta, o que abriria espaço para uma redução gradual das taxas de juros. Embora o alívio esperado nesses indicadores deva ocorrer de forma lenta e progressiva, a mudança no cenário tende a impactar positivamente as expectativas dos agentes econômicos, com reflexos relevantes sobre o comportamento da atividade doméstica”.

O especialista também aponta como fator de atenção a Reforma Tributária, cuja transição terá início em 2026. “Além desse cenário externo, o empreendedor deve se preparar para a Reforma Tributária, que inicia sua transição em 2026 e trará mudanças relevantes na forma de tributação do consumo, afetando diretamente o planejamento das pequenas e médias empresas”, concluiu.

Imagem: Freepik

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