Web Summit Lisboa 2025
Superinteligência artificial é pauta no Web Summit Lisboa 2025
O criador do termo AGI (Artificial General Intelligence) e fundador da SingularityNET, Ben Goertzel, abriu o último dia do Web Summit Lisboa 2025 com uma palestra que misturou história da IA, previsões ousadas e um forte apelo ético sobre o futuro da superinteligência artificial. Em uma apresentação marcada por provocações e entusiasmo, Goertzel argumentou que estamos “a poucos anos” de alcançar sistemas com capacidade cognitiva comparável à humana — e que a governança desse avanço será tão importante quanto a tecnologia em si.
Goertzel relembrou que, quando publicou o livro Artificial General Intelligence em 2005, prever máquinas com pensamento amplo e autônomo ainda era visto como “um devaneio marginal”. Hoje, segundo ele, já é praticamente consenso no Vale do Silício que a AGI surgirá entre 2026 e 2029. “Talvez seja 2027, talvez 2032 — mas, na escala da história humana, isso é um piscar de olhos”, afirmou.
O pesquisador explicou que os modelos atuais, como os LLMs, são impressionantes, mas insuficientes para atingir inteligência geral. Falhas como ausência de memória episódica, raciocínio inconsistente e falta de conexão com a realidade exigem uma integração com outras abordagens, como IA simbólica, lógica, evolução computacional e arquiteturas cognitivas híbridas. “O caminho é combinar paradigmas. Não vamos jogar fora as redes neurais, mas complementá-las com as peças que faltam”, disse.
Goertzel descreveu o avanço do Hyperon, sua nova plataforma de integração massiva de diferentes tipos de IA, e reforçou o convite para desenvolvedores participarem do projeto. Em seguida, apresentou a ASI Chain, uma blockchain projetada para executar processos complexos de IA diretamente em rede distribuída, sem controle central. Para ele, essa é uma ferramenta essencial para evitar que a inteligência artificial de nível humano caia nas mãos de poucos.
“Se a AGI for controlada por um pequeno grupo com metas estreitas — lucrar, dominar, vigiar — os riscos são óbvios. Mesmo um grupo bem-intencionado pode ser corrompido ou capturado”, disse. A solução, segundo Goertzel, é clara: IA aberta, distribuída e descentralizada, administrada como um bem público global. “O ideal é que a primeira AGI se pareça mais com o Linux do que com uma big tech.”
Ele argumentou que, embora não seja possível garantir um futuro positivo, é possível “inclinar as probabilidades”:
• usando IA para resolver problemas sociais e humanitários;
• evitando que o desenvolvimento fique restrito a oligopólios privados;
• promovendo inovação aberta, auditável e global.
A palestra provocou reflexões profundas no público, incluindo na embaixadora do MBA USP/Esalq, Mirna Rubim, que resumiu sua percepção em uma frase diretamente alinhada com o espírito da fala: “Essa palestra apontou para caminhos humanos, descentralizados, com a IA trabalhando em prol de uma sociedade com a possibilidade de se prevenir da exploração dos oligarcas. Trouxe-me uma visão mais positiva diante da chegada da AGI e/ou ASI.”
Goertzel encerrou dizendo que o debate sobre “se deveríamos construir AGI” já não é mais relevante — o processo está em curso. “O que podemos fazer agora é garantir que esse avanço sirva à humanidade, e não apenas a uma elite. Temos a chance de construir algo que expanda o potencial da espécie humana. É a maior responsabilidade e a maior oportunidade do nosso tempo.”
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Imagens e informações: Amanda Dechen, especialista em comunicação do MBA USP/Esalq
