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A otimização da IA no last mile: cada segundo conta

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O mercado já sabe que a inteligência artificial está virando o jogo na logística, especialmente no last mile, a etapa mais cara e desafiadora da cadeia de suprimentos. De acordo com estudo da Infosys, o last mile pode representar até 53% dos custos totais de envio nas cadeias B2C. É uma fase marcada por variáveis complexas como congestionamento, consumo de combustível, falhas de entrega, condições meteorológicas e planejamento de rotas estático, que aumentam o custo e reduzem a confiabilidade. Ao mesmo tempo, as expectativas dos consumidores nunca foram tão altas: quase dois terços dos compradores globais esperam receber suas encomendas em até 24 horas, e 96% afirmam que a velocidade da entrega influencia sua decisão de compra. O desafio, portanto, não é apenas ser rápido, mas ser preciso e escalável, sem sacrificar margens.

É nesse ponto que a IA entra como um divisor de águas. Isso porque a tecnologia substitui o modelo estático de planejamento por uma precisão dinâmica, capaz de recalibrar rotas em tempo real com base em dados de trânsito, meteorologia e comportamento de consumo. Com algoritmos preditivos, a IA não apenas otimiza a entrega, mas também prevê demandas futuras, ajustando frotas, alocando recursos e reduzindo quilômetros rodados — o que significa menos emissões e menores custos operacionais.

A DHL, por exemplo, usa modelos preditivos para analisar cada remessa individualmente e recalcular o trajeto conforme o veículo se aproxima do destino, permitindo até que o cliente altere o horário ou local da entrega nos minutos finais. Essa inteligência operacional não só reduz o tempo de trânsito como eleva a taxa de sucesso na primeira tentativa de entrega, aumentando a satisfação e a fidelidade do consumidor.

Se na DHL a IA já atua como cérebro invisível da operação, na Amazon ela começa a ganhar corpo, literalmente, dentro das vans de entrega. O sistema VAPR (Vision-Assisted Package Retrieval), anunciado em 2024, usa visão computacional para identificar automaticamente os pacotes corretos a cada parada. Com um simples feixe de luz verde projetado sobre o item certo, o motorista consegue localizar o pacote em segundos, eliminando a necessidade de checar rótulos manualmente. Essa automação aparentemente simples gera ganhos expressivos: os testes apontaram redução de 67% no esforço físico e mental dos motoristas e mais de 30 minutos economizados por rota.

Embora a adoção da IA ainda enfrente barreiras (apenas 39% das empresas logísticas afirmam ter implementado ou estar implementando soluções de IA generativa, segundo a Infosys), o movimento é irreversível. A pressão competitiva e o apetite do consumidor por entregas rápidas, rastreáveis e sustentáveis tornam essa transformação uma questão de sobrevivência no mercado.

Casos como a DHL e Amazon mostram que o futuro da entrega já começou, e ele é movido por dados, aprendizado de máquina e uma nova visão sobre o que significa entregar valor ao cliente. Tempo é dinheiro e por isso, cada segundo conta na precisão e dinamicidade que envolvem o last mile e a experiência do cliente. Cada segundo conta!

Leia também: O varejo em duas velocidades: operar o presente e construir o futuro


*Felipe Barbosa é Gerente Sênior de Marketing no Grupo Intelipost e mestrando em Administração na FEA-USP, pesquisando o uso de Inteligência Artificial no e-commerce. Com mais de 18 anos de experiência em tecnologia, fundou duas startups e liderou estratégias de crescimento e posicionamento de marca em scale-ups. Atua também como professor convidado na FGV, ESPM e FIA, contribuindo para a formação de líderes do mercado digital.

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