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Algodão usado por H&M e Zara está ligado ao desmatamento ilegal

Uma investigação de um ano realizada pela Earthsight descobriu que a fibra certificada pela Better Cotton foi cultivada em terras roubadas e desmatadas no Brasil

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Uma investigação de um ano realizada pela organização sem fins lucrativos, Earthsight, publicada neste mês, descobriu que o algodão cultivado no que o grupo chamou de terras “roubadas” e “desmatadas” na região do Cerrado, no Brasil, apareceu em peças de vestuário aprovadas pelo certificador de cadeia de suprimentos Better Cotton e vendidas pelos gigantes do varejo H&M e pela empresa-mãe da Zara, a Inditex.

O algodão rastreado é cultivado no estado brasileiro da Bahia por dois dos maiores produtores do país, SLC Agrícola e Grupo Horita, segundo o relatório, que afirmou que ambas as empresas foram multadas repetidamente por violações ambientais. A investigação rastreou o algodão até oito fabricantes de roupas sediados na Ásia que fornecem “milhões” de peças à H&M e à Inditex, de acordo com a investigação.

Tanto a Inditex quanto a H&M disseram em cartas enviadas à Earthsight que entraram em contato com a Better Cotton, que por sua vez disse em uma carta de setembro de 2023 à Earthsight que investigaria o assunto com os parceiros locais de certificação.

A Better Cotton certifica o algodão brasileiro com base na avaliação de uma associação nacional de produtores de algodão. O relatório da Earthsight chamou isso de “conflito de interesse sério”. Em sua carta de setembro de 2023, a empresa disse que as auditorias mais recentes desses fornecedores “não identificaram problemas de não conformidade nessas fazendas” e que ambas as empresas em questão “negam todas as alegações”. Essa carta também observou que “mais pesquisas são necessárias para determinar se essas fazendas estão em conformidade com o Padrão Better Cotton”.

No entanto, em um comunicado emitido em 11 de abril, a Better Cotton não divulgou os resultados da investigação e, em vez disso, disse que havia “realizado uma auditoria independente das questões altamente preocupantes levantadas, que se relacionam com três fazendas licenciadas pela Better Cotton no estado da Bahia, no Brasil.

O Brasil é o segundo maior exportador mundial de algodão, atrás apenas dos EUA, e espera-se que se torne o maior até 2030, segundo o relatório. A investigação da Earthsight observou que quase todo esse algodão é cultivado no Cerrado, uma savana natural que se estende pelo centro do Brasil, incluindo a Bahia, e em países vizinhos como Paraguai e Bolívia.

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Aproximadamente metade da vegetação nativa do Cerrado foi perdida para o agronegócio, com a taxa de desmatamento aumentando 43% de 2022 a 2023, de acordo com o relatório. Esse processo gera tanto carbono por ano quanto as emissões anuais de 50 milhões de carros, disse a Earthsight no relatório.

O Grupo Horita cultiva algodão em uma plantação que, em 2018, foi considerada pela procuradoria-geral da Bahia “uma das maiores áreas de grilagem da história brasileira”, segundo o relatório. Um órgão federal de fiscalização ambiental multou a Horita em um total de US$ 4,5 milhões por violações ambientais entre 2010 e 2019, e em 2019, dois membros da comunidade local foram supostamente baleados por guardas na fazenda trabalhada pela Horita, de acordo com a investigação da Earthsight. Um dos proprietários da Horita está sendo investigado por corrupção e suborno, de acordo com o relatório.

Enquanto isso, a SLC foi multada em mais de US$ 250.000 por infrações ambientais desde 2008 por um órgão federal de fiscalização e foi acusada de violar sua própria política de desmatamento zero, de acordo com a investigação.

Em um comunicado oficial enviado à Earthsight, a Inditex disse que leva “muito a sério qualquer informação relacionada a práticas impróprias na indústria têxtil”.

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Imagem: Envato
Informações: Lauren Schenkman para Retail Dive 
Tradução: Central do Varejo

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