Colunistas
Cultura de gestão financeira transforma franquias em redes de alta performance
 
																								
												
												
											No universo das franquias, falar em “cultura de gestão financeira” é falar sobre comportamento, ou seja, aquilo que se faz todos os dias, na prática, e não apenas o que está no manual de operação. A cultura nasce no topo e se espalha para toda a rede, do CEO da franqueadora ao atendente da loja. Quando a marca entende que falar de números, margens e resultados deve fazer parte da rotina, o resultado é uma rede mais madura, transparente e preparada para crescer com solidez. Afinal, como já dizia Peter Drucker – considerado o pai da administração moderna – “a cultura come a estratégia no café da manhã”, e isso se aplica perfeitamente à gestão financeira.
Crescer sem ter resultados reais é um risco que muitas redes ainda subestimam. No varejo, o foco natural é vender, mas vendas sem rentabilidade são um alerta vermelho. Para se ter uma ideia de como está o mercado do varejo, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o volume de vendas do varejo cresceu 0,2% em agosto na comparação com julho, na primeira alta mensal desde março. Já a Pesquisa de Desempenho do Franchising 2024, divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) neste mês, o setor registrou alta de 13,5% no faturamento em relação a 2023, alcançando R$ 273,08 bilhões. Porém, isso não significa que o lucro venha acompanhado desse crescimento.
Entender indicadores como margem de contribuição, custo operacional e fluxo de caixa é o que separa o crescimento saudável da expansão insustentável. Nem sempre quem vende mais é o que mais lucra. É essa consciência que transforma uma franquia comum em uma rede de alta performance.
Em um ambiente onde as vendas são altamente parceladas, é possível ter lucro no papel e, ainda assim, enfrentar problemas sérios de liquidez. É por isso que uma boa gestão financeira não é apenas registrar números, mas prever, analisar e agir. Quem dita o resultado é quem monitora de perto o ciclo financeiro e antecipa movimentos, e não quem apenas observa o que já aconteceu.
A rotina financeira é a espinha dorsal desse processo. Fechamento de caixa, conciliação de cartões, conferência bancária e análise de DRE não são tarefas burocráticas, são o que garantem previsibilidade e segurança. Quando essas etapas são automatizadas e bem executadas, o franqueado ganha tempo para o que realmente importa: analisar resultados e tomar decisões estratégicas. É o mesmo princípio de uma boa prática esportiva: constância, disciplina e acompanhamento. A rotina pode parecer “chata”, mas é ela que gera resultados consistentes.
Tecnologia e seu impacto no processo
Tecnologia e automação são hoje grandes aliadas na criação dessa cultura. Plataformas financeiras que integram PDV, bancos e adquirentes eliminam retrabalho, reduzem erros e permitem que as informações fluam em tempo real. Isso libera o franqueado do operacional e fortalece sua autonomia, sem que a franqueadora perca a visão consolidada da rede. Além disso, a conciliação automática de cartões e bancos, algo que muitos ainda negligenciam, é fundamental para garantir que cada venda realmente se converta em dinheiro no caixa.
Mas a cultura financeira não se constrói apenas com processos; ela depende também de aprendizado contínuo. Franqueados e equipes precisam entender o “porquê” por trás dos números, não apenas executá-los. Programas de capacitação, mentorias e fóruns de troca entre unidades são essenciais para desenvolver essa mentalidade. Redes que criam espaços para compartilhar boas práticas e premiar desempenhos de excelência acabam fortalecendo não apenas os resultados, mas também o engajamento e o senso de pertencimento.
No fim, construir uma cultura de gestão financeira é transformar controle em estratégia. É garantir que os números não sejam apenas acompanhados, mas compreendidos e utilizados para impulsionar decisões. Franquias que fazem disso parte da sua identidade não apenas crescem — elas se tornam referências de eficiência, transparência e sustentabilidade. E é assim, da rotina ao resultado, que se formam as redes de alta performance que moldam o futuro do varejo.

(*) Maurício Galhardo é sócio da F360. Responsável pela estratégia de capacitação de clientes, empreendedores e profissionais, com iniciativas que promovem uma gestão financeira mais eficiente.  Autor de livros sobre finanças e gestão de vendas no varejo, ele contribui para o desenvolvimento de habilidades estratégicas no setor. É formado em Engenharia Mecânica e pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP/SP.
 
						
											 
								
 
																	
																															 
									 
																	 
									 
									 
									 
									 
																	 
									 
											 
											 
											 
											