Economia
Desemprego aumenta nos EUA em meio à incerteza tarifária

Em um cenário já delicado para o consumo, o desemprego está em alta e a contratação em queda, uma combinação que ameaça o desempenho da economia norte-americana.
Segundo dados divulgados na sexta-feira (5) pelo Bureau of Labor Statistics, a taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu para 4,3% em agosto, o maior índice em quase quatro anos. Enquanto isso, “a contratação desacelerou, está lenta e corre o risco de desacelerar ainda mais”, afirmaram economistas do UBS liderados por Jonathan Pingle.
“O motivo pelo qual isso é preocupante é que a narrativa de que as empresas não estão demitindo trabalhadores está incorreta”, afirmou Pingle em um relatório publicado no domingo.
Segundo o UBS, os anúncios mensais de demissões nos EUA giram em torno de 90 mil, quase o dobro da média entre 2014 e 2019. Somente em agosto, empregadores com sede nos Estados Unidos anunciaram cerca de 86 mil cortes de postos de trabalho, número 40% maior que o de julho e 13% acima do registrado no mesmo mês de 2024, de acordo com um levantamento da consultoria Challenger, Gray & Christmas divulgado na quinta-feira (5).
“Com demissões em ritmo elevado, taxa de desemprego em alta e criação líquida de empregos abaixo de 30 mil por mês, se as contratações caírem mais, o mercado de trabalho e a economia como um todo podem entrar em contração”, alertou Pingle.
Segundo a Challenger, o número de cortes em agosto é o maior desde 2020 (auge da pandemia) e o segundo maior desde 2008, durante a crise financeira global.
De acordo com nota do Bank of America divulgada na sexta-feira, a desaceleração está “provavelmente sendo impulsionada pelo enfraquecimento do investimento empresarial devido à incerteza em relação às tarifas”. A equipe liderada pela economista Shruti Mishra alertou que, “se a incerteza tarifária persistir por conta do caso em análise na Suprema Corte, o cenário pode continuar pressionado”.
O setor varejista e os cortes em órgãos federais contribuíram para esse cenário, “devido ao fechamento de operações, lojas e falências ao longo deste ano, em comparação com o anterior”, afirmou Andrew Challenger, especialista em mercado de trabalho e vice-presidente sênior da consultoria, em comunicado.
De janeiro a agosto deste ano, o varejo anunciou 83.656 cortes de empregos, alta de mais de 240% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o relatório.
“O varejo está sendo duramente atingido pelas tarifas, pela inflação e pela incerteza econômica contínua, o que tem causado falências e encerramentos de operações”, disse Andrew Challenger. “Se as tarifas e as restrições ao consumo se mantiverem, a próxima temporada de compras de fim de ano pode ter menos contratações temporárias e, na verdade, mais demissões.”
Imagem: Retail Dive
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo