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E-commerce brasileiro deve se inspirar nas possibilidades do TikTok Shop
Quando olhamos para opções como o TikTok Shop, o principal é continuar privilegiando, acima de qualquer outro fator, a conveniência do cliente.
A decisão do consumidor é determinada pela sua necessidade naquele momento de sua jornada de compra. Neste contexto, se o canal tem a preferência do público, é importante que a loja virtual use a plataforma para impactá-lo.
Afinal, a marca deve ir aonde o consumidor está, assim como Milton Nascimento diz a respeito dos artistas.
Contudo, para quem atua com um sistema de vendas omnichannel, a proposta é que o canal seja integrado, não tratado de forma isolada.
Assim, fica a critério do cliente onde e como fará sua compra. Dependendo da situação, pode ser impactado pela plataforma, mas finalizar no site da loja, no WhatsApp, num marketplace, enfim, o que vai determinar isso é a conveniência.
Foco no relacionamento com o cliente
Para quem tem e-commerce próprio, a melhor estratégia é continuar investindo na operação, na construção de sua marca, sem deixar de aproveitar o potencial da plataforma, quando for o caso.
O foco ainda é trabalhar a construção de relacionamento com o cliente e, para isso, é essencial observar o que tem determinado o sucesso nas vendas naquele ambiente.
Um dos pontos é justamente a oferta de experiências de compra mais fluidas e que conseguem promover a interação entre marcas e consumidores, apoiando-se no clima de descontração, tão peculiar da plataforma.
Importante lembrar que o vídeo commerce cumpre um papel relevante nessa história e, por isso, devem fazer parte dos esforços das lojas virtuais. É uma forma de aproximar mais esses ambientes, evitando rupturas quando o cliente trafega entre os canais.
O que se destaca no TikTok?
Antes de detalhar alguns dados sobre o TikTok, importante tratarmos algumas especificidades:
– a união de influência, entretenimento, contexto e conveniência cria uma fortaleza para as vendas no TikTok.
– a criação de mais momentos de compra, aliada ao tempo de permanência dos usuários na plataforma (proporcionado pela assertividade do algoritmo), tornam esta rede social obrigatória para quem vende ao consumidor final.
Vale a pena analisar alguns insights sobre o comportamento do consumidor no TikTok.
Segundo dados divulgados pela própria empresa, 70% dos usuários dizem que descobrem novas marcas e produtos na plataforma; e 83% afirmam que o TikTok influencia suas decisões de compra.
A pesquisa também indica que três em cada quatro usuários têm maior probabilidade de comprar algo enquanto usam o TikTok.
Além da grande audiência, a oportunidade para marcas e varejistas está no fato de que, no TikTok Shop, 71% das descobertas de produtos se convertem em compras.
Uma das constatações é que, aos poucos, a rede tem conseguido converter usuários da plataforma em compradores.
Uma das formas de se fazer isso é procurar capitalizar, por exemplo, a influência exercida pelos influenciadores.
Uma das iniciativas é o programa de afiliados para influenciadores, baseado em comissões e idealizado justamente para conectar as marcas aos criadores que promovem produtos.
O que fica muito claro, ao se analisar os dados sobre a plataforma, é que a sua popularidade continua em ascensão e, portanto, faz sentido que ela integre os esforços das empresas.
TikTok no Brasil: adesão deve continuar evoluindo no país
O primeiro passo para o desenho das estratégias focadas na plataforma, seja para ativar a base ou para aproveitar o potencial do sistema de vendas, é justamente conhecer os hábitos do público.
Uma das características que se destacam é o fato de o perfil mais comum ser de heavy users – 78% das pessoas acessam o aplicativo pelo menos uma vez ao dia.
Outro dado importante, indicado na pesquisa Tik Tok 2025, da Opinion Box: 51% acessa mais hoje do que a há 12 meses.
Essa situação acaba resultando em excelentes perspectivas para os próximos anos. No estudo, 35% afirma que pretende passar mais tempo no TikTok.
Sobre suas preferências na plataforma, a maioria (59%) indica ver conteúdos com humor e descontração, confirmando que o entretenimento é um dos principais atrativos.
Mas também alcançam bons índices atividades como: acompanhar vídeos das pessoas que sigo (49%), acompanhar e curtir vídeos de amigos (45%), acompanhar notícias (43%).
Na relação com as marcas, alguns aspectos que valem ser registrados: acompanhar vídeos de marcas/empresas de preferência foi uma atividade apontada por 39% dos entrevistados; e 34% declararam que assistem reviews de produtos.
Por ter investido num formato inovador – os vídeos curtos, na vertical, que acabaram “inspirando” as redes concorrentes -, o TikTok ainda mantém uma forte identificação com o público, diferenciando-se dos concorrentes em termos de formatos.
Questionados sobre como as marcas e empresas podem usar o TikTok, a maioria indica que a plataforma é uma opção para se tornarem mais conhecidas, para se aproximar do seu público-alvo e até como um canal direto de vendas.
E 70% dos usuários concorda que as marcas devem estar presentes nas redes sociais.
Como enfatizado no estudo, os dados comprovam que existem oportunidades para quem está pensando em conquistar seu espaço no TikTok.
E, sem dúvidas, é possível pensar na plataforma como uma verdadeira vitrine de produtos, uma vez que 1 em cada 3 usuários já comprou algo que conheceu no TikTok.
De forma geral, os anúncios dividem opiniões, com um dado que chama atenção de forma negativa: 49% dos usuários não gostam de ver anúncios e patrocinadores.
Confirmando a importância dos influenciadores, a maioria (58%) segue algum nome na rede e 44% dos entrevistados concorda que os anúncios feitos por eles chamam a atenção.
Num ambiente tão concorrido como o do comércio eletrônico, as lojas devem estar atentas à movimentação do cliente e, claro, atuar de forma alinhada com as suas demandas.
É neste sentido que opções como a do TikTok Shop precisam estar no radar das empresas, mas sem perder de vista que o mais importante é focar na construção de relacionamento.
E, como citamos no início, o ideal é que o consumidor possa ter várias alternativas, uma vez que o seu comportamento continuará sendo omnichannel, ou seja, ele vai continuar trafegando entre os canais.
Imagem: Divulgação
*Gustavo Chapchap é graduado em Marketing, trabalha com comunicação há mais de 20 anos e com e-commerce desde 2006. Atualmente é CXO da JET, líder do Comitê de E-commerce da ABRADi (Associação Brasileira dos Agentes Digitais), professor in company de empresas como: Decathlon, Vita Derm, 3M, Colgate, TIM, Asics e Ambev e articulista.
