NRF Paris 2025

Executivos debatem como tornar o varejo realmente “AI native”

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No painel “Together with AI: Revolutionizing the future of retail”, realizado no último dia da NRF Europe, líderes da Shoeby, REWE Digital e MC-Sonae discutiram os pré-requisitos para escalar a inteligência artificial no varejo. Mediados por Raphaël Kattan, os executivos destacaram que a tecnologia já está presente em quase todas as operações, mas ainda há desafios culturais, organizacionais e regulatórios para transformar pilotos em resultados sustentáveis.

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Pré-requisitos para adotar IA em escala

Anika Vooes, Chief Acceleration Manager da REWE Digital, afirmou que a base está em três pilares: dados de qualidade, infraestrutura adequada e liderança engajada. Como exemplo, citou as lojas autônomas “Pick&Go”, que só funcionam graças à combinação de imagens de produtos com dados estruturados. “A IA não evolui de forma linear, mas exponencial. É preciso que os líderes experimentem a tecnologia e entendam suas limitações e possibilidades”, disse.

Rafael Pires, Head of Tech Experimentation da MC-Sonae, reforçou que governança de dados e conhecimento interno são cruciais. Segundo ele, não basta usar ferramentas de terceiros: é necessário que as equipes compreendam como funcionam os modelos para garantir controle e escalabilidade. “A transformação com IA não é um projeto de TI, mas uma mudança transversal que exige recursos humanos, financeiros e culturais”, afirmou.

Cultura como alicerce

Para Mitch Van Deursen, CEO da Shoeby, cultura, estratégia e estrutura são os três elementos-chave. Ele defendeu que as empresas precisam criar ambientes experimentais e tolerantes ao erro, com liderança dando exemplo. “As pessoas têm medo da IA porque não sabem como ela vai impactar seus empregos. É preciso mostrar todos os dias que experimentar faz parte do processo”, explicou.

O executivo contou que na Shoeby até contratou um jovem de 23 anos para “automatizá-lo”, mapeando suas tarefas repetitivas e transformando-as em fluxos de trabalho baseados em IA. “É uma forma de liderar pelo exemplo e provar que todos podem se beneficiar”, disse.

Preparação de equipes

Os três executivos relataram iniciativas de capacitação em larga escala. A REWE promoveu a AI Discovery Journey, série de workshops e palestras que envolveu mais de 17 mil funcionários em diferentes países. Já a MC-Sonae estruturou programas de treinamento em uso seguro de IA e prompting, enquanto a Shoeby implementou sessões obrigatórias de capacitação a cada dois meses para toda a empresa.

Construindo confiança com clientes e reguladores

Outro ponto central foi a necessidade de transparência. Vooes lembrou que, ao lançar as lojas Pick&Go, a REWE precisou esclarecer ao público que não havia uso de reconhecimento facial, produzindo vídeos e cartazes para reforçar a mensagem. Pires citou a criação de uma equipe dedicada ao AI Act europeu, responsável por mapear todos os usos de IA dentro da MC-Sonae e alinhar práticas às exigências regulatórias.

Olhando para 2027

Ao projetar os próximos anos, os líderes apontaram que a prioridade para o varejo é integrar os diferentes processos automatizados em fluxos contínuos. Para Vooes, o objetivo é que toda a empresa utilize IA no dia a dia, com pelo menos 20 pilotos em parceria com startups transformados em escala. Pires destacou a importância de criar infraestrutura escalável e segura. Já Van Deursen resumiu: “Em cinco anos, todas as camadas do varejo terão de ser nativas em IA. Até lá, precisamos continuar descascando a cebola, mesmo que às vezes isso nos faça chorar”.

Imagens: José Fugice

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