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Governança Corporativa: o que é, por que importa e como aplicar

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Governança Corporativa

Governança corporativa refere-se a um conjunto de práticas, processos e relacionamentos que orientam a forma como uma empresa é dirigida, administrada e controlada. Isso envolve, entre outros, órgãos como conselho de administração, diretoria executiva, auditoria, políticas internas e mecanismos de prestação de contas. Em essência, governança busca assegurar transparência, equidade, responsabilidade e sustentabilidade, equilibrando interesses de acionistas, gestores, colaboradores, clientes e demais stakeholders.

Princípios básicos

Os princípios fundamentais da governança corporativa incluem:

  • Integridade: agir com honestidade e retidão em todas as decisões e operações.
  • Transparência: fornecer informações claras, precisas e tempestivas aos públicos de interesse.
  • Equidade: tratar todos os sócios, acionistas ou participantes de forma justa, protegendo direitos minoritários.
  • Responsabilização (ou accountability): definir claramente quem responde por quais decisões, assegurando supervisão e prestação de contas.
  • Sustentabilidade: incorporar práticas com impacto social, ambiental e econômico de longo prazo.

Movimento no Brasil

No Brasil, nos últimos anos, observou-se um engajamento crescente com práticas de governança voltadas à ética, transparência e sustentabilidade. Em 2025, cerca de 64% das empresas brasileiras afirmam que estão priorizando diversidade, equidade e inclusão em seus conselhos de administração. esginside.com.br Também uma pesquisa do IBGC indica que mais de 86% das empresas planejam aprimorar sua governança corporativa em 2025.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) lançou em 1º de agosto de 2023 a 6ª edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Essa versão revisada traz integridade como novo princípio, reforça transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade.

O estudo “A Governança Corporativa e o Mercado de Capitais” de 2025, conduzido pelo ACI Institute e pelo Board Leadership Center da KPMG Brasil, destaca que empresas listadas e aquelas com intenção de captar investimento estão cada vez mais cobrando melhores práticas de governança para serem vistas como aptas no mercado de capitais.

Para que serve a Governança Corporativa?

Governança corporativa serve para:

  • proteger o patrimônio da empresa e dos acionistas, reduzindo riscos de fraudes, desvios ou decisões arbitrárias.
  • aumentar a confiança de investidores, parceiros, clientes e instituições financeiras. Empresas com boa governança costumam obter melhores condições de crédito e atraem investimento.
  • melhorar a eficiência operacional, com processos claros, responsabilidades definidas e tomada de decisão estruturada.
  • assegurar a perenidade da empresa, garantindo que ela se adapte às mudanças regulatórias, de mercado e de expectativas sociais.
  • promover conformidade (compliance) e ética, evitando práticas antiéticas ou ilegais que possam causar danos reputacionais ou prejuízos econômicos.

A importância da governança corporativa

A adoção de boas práticas de governança tem impacto direto em diversos aspectos:

  • Valorização de mercado: empresas bem governadas tendem a ter valor de mercado superior.
  • Redução de custo de capital: investidores exigem menor risco, o que pode se refletir em menores taxas ou facilidade de acesso a financiamentos.
  • Melhor tomada de decisão: conselhos bem estruturados e auditorias fornecem suporte para decisões mais embasadas.
  • Resiliência em momentos de crise ou instabilidade, pois estruturas de governança ajudam a empresa a reagir melhor a desafios externos e internos.
  • Reputação e confiança: consumidores e sociedade valorizam empresas que operam com transparência, responsabilidade social e ambiental.
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Pilares da governança corporativa

Os pilares que sustentam uma governança corporativa eficaz incluem:

  1. Estrutura de governança — órgãos como conselho de administração, diretoria, comitês de auditoria, fiscal e compliance.
  2. Transparência e divulgação de informações — relatórios financeiros, estratégia, riscos e impactos sociais e ambientais.
  3. Controle interno e auditoria — mecanismos de fiscalização, auditorias independentes e controles operacionais.
  4. Ética e compliance — códigos de conduta, políticas anticorrupção, anticômpras duvidosas; proteção de denunciantes.
  5. Gestão de riscos — identificação, avaliação e mitigação de riscos estratégicos, operacionais, regulatórios.
  6. Foco em stakeholders — olhar não apenas para acionistas, mas para funcionários, clientes, comunidade e meio ambiente.

IBGC – Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa

O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) é referência no Brasil para padrões de governança. Conforme dito anteriormente, a 6ª edição do Código das Melhores Práticas foi lançada em 2023 e consolidou integridade como princípio novo, além de reforçar os demais: transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade.

Esse código é utilizado por empresas de capital aberto, privadas, familiares ou startups que buscam estruturar ou melhorar suas práticas de governança. Ele orienta sobre composição de conselhos, reporte de informação, auditorias e direitos dos acionistas minoritários.

Governança, Ética e Compliance

Ética e compliance andam de mãos dadas com governança. Não basta ter estruturas formais; é necessário que haja cultura ética, políticas claras, canais de denúncia efetivos e mecanismos que garantam conformidade com leis e regulamentos. O compliance envolve assegurar que a empresa cumpre obrigações tributárias, regulatórias e boas práticas de mercado, além de políticas internas que evitem fraudes ou abusos.

No varejo

No varejo, a governança corporativa é particularmente relevante devido ao volume de transações, diversidade de pontos de venda, fornecedores variados e forte exposição ao consumidor final. Boas práticas ajudam varejistas a manter consistência de marca, controlar qualidade, assegurar experiência do cliente, evitar litígios e cumprir requisitos regulatórios. Para franquias, por exemplo, a governança inclui gestão de indicadores, relacionamento claro com franqueados, transparência em contratos, ética na cadeia de fornecedores, compliance em operações de logística e atendimento.

Leia também: Como pensar a governança para empresas franqueadas

Como colocar a governança corporativa em prática?

Para implementar governança corporativa de forma eficaz, algumas etapas são essenciais:

  1. Diagnosticar o nível de maturidade de governança da empresa: verificar quais práticas já existem, quais estão ausentes e onde há lacunas.
  2. Criar ou estruturar Conselho de Administração ou órgão semelhante, com membros independentes, rotinas definidas de reporte e fiscalização.
  3. Instituir políticas de compliance, código de conduta, auditoria interna e mecanismos de denúncia seguros.
  4. Implementar sistemas de transparência e reporte — financeiros, operacionais, de sustentabilidade.
  5. Treinar equipe de liderança em boas práticas, ética e responsabilidade, certificando-se de que esses valores sejam incorporados ao dia a dia da empresa.
  6. Monitorar resultados com indicadores de governança, como percentual de conselheiros independentes, tempo de resposta de denúncias, conformidade regulatória, eficiência operacional.

Se você atua no varejo e quer acelerar esse processo de implementação de governança corporativa, a Imersão Estratégia e Gestão de Varejo da Central do Varejo será um excelente instrumento. São dois dias intensivos para executivos e proprietários que desejam elevar a governança, ética, inovação e gestão estratégica de suas operações.

Governança corporativa não é luxo ou só formalidade — é base estratégica para empresas que querem se manter competitivas, confiáveis e resilientes. Em um ambiente de negócios cada vez mais exigente, com consumidores que valorizam transparência, investidores atentos e regulações mais rigorosas, adotar práticas sólidas de governança se torna não apenas recomendável, mas necessário para crescimento sustentável e longo prazo.

Imagem: Envato

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