Design
IKEA reformula design de lojas em grandes cidades

As lojas da IKEA, que haviam deixado de lado o tradicional caminho da marca, estão voltando ao modelo original após pedidos dos próprios consumidores.
Inicialmente, a gigante sueca de móveis apostou em formatos mais abertos e fluidos em suas unidades menores, localizadas em áreas urbanas. A ideia era permitir que os clientes circulassem livremente, diferente da famosa “trilha” presente nas megastores da marca. No entanto, o feedback dos consumidores mostrou que a abordagem não estava funcionando como o esperado.
“Descobrimos que esse modelo só funcionava até certo ponto”, afirmou Sara Del Fabbro, vice-COO do Ingka Group (maior operadora franqueada da IKEA, com sede nos Países Baixos), em entrevista ao portal Retail Asia. “Muitos clientes preferiam mais direcionamento, como nas nossas lojas tradicionais.”
Essa preferência foi observada em grandes centros como Paris, Mumbai e Londres. Como resposta, a IKEA reinstaurou o caminho guiado nas lojas, agora com atalhos bem sinalizados para quem busca uma experiência mais rápida.
Em 2024, as visitas às lojas IKEA cresceram 4,5%, somando 899 milhões, e o tráfego online aumentou 21%, com 4,6 bilhões de acessos. Mesmo com esses avanços, as vendas caíram 5%, totalizando US$ 51,3 bilhões (€45,1 bilhões).
Del Fabbro explicou que adaptar o modelo da IKEA para novos formatos urbanos é desafiador. “Realizamos muitas pesquisas locais e visitas domiciliares para entender como os clientes vivem, o que precisam e o que os frustra.” Apesar das dificuldades, a empresa continua testando e ajustando os layouts. “Nem todas as ideias funcionam, mas experimentar faz parte da nossa essência”, completou.
Mike Lim, diretor da DP Design, destacou que o layout clássico da IKEA criava uma sensação de “país das maravilhas”, gamificando a experiência e transformando a compra de móveis em uma aventura. Segundo ele, a reformulação mostra a transição da era analógica para a digital, em que os consumidores exigem acesso mais rápido a produtos e informações. No entanto, alertou sobre os riscos de simplificar demais essa jornada. “O desafio é evitar a armadilha da eficiência e manter a experiência envolvente.”
Para Lim, a IKEA deve seguir oferecendo uma “experiência varejo-plus”, que reforce sua identidade de marca e proponha uma jornada curada ao consumidor.
Já Rufus Turnbull, diretor criativo da Studio X, vê esse movimento como parte de uma estratégia para criar formatos menores e mais ágeis em regiões urbanas. Ele observa que a IKEA não está abandonando os grandes centros de distribuição, mas sim diversificando sua presença com modelos complementares, voltados para retirada de produtos, devoluções e serviços ao cliente.
Turnbull também destacou o papel crescente da inteligência artificial e da personalização como ferramentas para aprimorar a experiência do consumidor. “Vamos ver um foco muito maior na hiperlocalização de sortimento e operação, oferecendo mais escolhas e opções de customização ao cliente.”
Del Fabbro concluiu que a estratégia omnicanal da marca inclui melhorias nos pontos físicos e digitais, com mais espaço para inspiração de ambientes e consultoria especializada dentro das lojas. No backoffice, a IKEA também está utilizando automação e robôs para acelerar o atendimento dos pedidos online a partir das lojas físicas, reduzindo prazos de entrega e melhorando a experiência geral.
E essa tendência já está chegando ao Brasil…
Cada vez mais marcas brasileiras têm entendido que o design da loja pode ser uma ferramenta poderosa para conquistar novos públicos. A Skyler, marca consolidada no Nordeste no setor de moda masculina, é um exemplo disso. Para ganhar espaço no Sudeste, a empresa passou por um processo de redesign completo, repensando sua identidade e a experiência de loja — e contou com o suporte estratégico e criativo da GDesign para isso.
Seja por meio da arquitetura, visual merchandising ou inovação digital, o varejo nacional já está entrando na era das experiências curadas e hiperlocalizadas.
Imagem: Envato
Informações: Retail Asia