Economia

Trump anuncia taxa de 50% sobre produtos brasileiros

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Donald Trump, presidente dos EUA; Casa Branca; acordo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou o Brasil com uma tarifa de 50% a partir de 1º de agosto, segundo uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (9).

Na carta, publicada na rede Truth Social, Trump alegou que Lula está promovendo uma “caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, em referência às acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula prometeu retaliar caso Trump leve a ameaça adiante. “O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, e não aceitará nenhum tipo de tutela”, afirmou o presidente do Brasil em uma publicação no X (antigo Twitter).

“Qualquer medida de aumento unilateral de tarifas será respondida à luz da Lei de Retaliação Econômica do Brasil”, acrescentou.

Esta é a primeira vez em meses que outro país ameaça retaliar as tarifas propostas por Trump.

Diferentemente dos outros 21 países que receberam cartas de Trump nesta semana, o Brasil registrou um superávit comercial de US$ 6,8 bilhões com os EUA no ano passado — ou seja, os EUA exportaram mais para o Brasil do que importaram. Segundo dados do U.S. Census Bureau, os principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil no último ano foram aeronaves e espaçonaves, combustíveis, máquinas industriais (como reatores nucleares) e equipamentos elétricos. Por isso, uma tarifa brasileira de 50% sobre produtos americanos poderia impactar severamente esses setores.

As importações do Brasil para os EUA já enfrentam uma tarifa mínima de 10% desde o anúncio de tarifas “recíprocas” feito por Trump em abril — a alíquota base aplicada à maioria dos produtos da maioria dos países durante o período de negociações de 90 dias, agora estendido até 1º de agosto.

Não é a primeira vez que Trump usa a ameaça de tarifas para tentar influenciar decisões de política interna de outros países.

No início deste ano, ele ameaçou impor tarifas de 25% sobre exportações da Colômbia, que poderiam subir para 50% caso o país não aceitasse deportados dos EUA. (A Colômbia acabou aceitando os deportados e evitou as tarifas.) Trump também impôs tarifas sobre produtos do México, Canadá e China, sob a alegação de que esses países facilitam a imigração ilegal para os EUA e contribuem para a entrada de fentanil no país.

Apesar de demonstrar insatisfação com o julgamento de Bolsonaro, Trump escreveu que “não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos”. Trump fez ofertas quase idênticas em diversas outras cartas enviadas a chefes de Estado nesta semana.

Associação repudia taxação

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) criticou a ação do presidente dos Estados Unidos. Para o presidente executivo da entidade, José Augusto de Castro, não se trata de uma medida econômica, mas política com impacto econômico de grande lastro.

“É certamente uma das maiores taxações a que um país já foi submetido na história do comércio internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do Brasil. Além das dificuldades de comércio com os Estados Unidos, o anúncio da Casa Branca pode criar uma imagem negativa do Brasil e gerar medo em importadores de outros países de fechar negócios com as nossas empresas, afinal, quem vai querer se indispor com o presidente Trump?”, questionou.

Imagem: House Creative Services
Informações: Elisabeth Buchwald para CNN
Tradução livre: Central do Varejo

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