Franchising
Varejistas continuarão antecipando cargas em meio à incerteza tarifária, prevê estudo nos EUA

O aumento no volume de cargas nos portos dos Estados Unidos deve continuar pelos próximos três meses, impulsionado pela incerteza política da administração do ex-presidente Donald Trump, de acordo com a National Retail Federation (NRF) e a Hackett Associates. Segundo o relatório Global Port Tracker, que acompanha o volume de importações nos principais portos dos EUA, as cargas importadas registraram um aumento de 13,4% em janeiro de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em fevereiro, a previsão era de um crescimento de 6,1%. Já em março, espera-se um salto de 10,8% nas cargas importadas, com níveis permanecendo elevados em abril e maio.
“Os varejistas estão trazendo o máximo de mercadorias possível antes da elevação das tarifas”, afirmou Jonathan Gold, vice-presidente de política alfandegária e de cadeia de suprimentos da NRF, em um comunicado divulgado na segunda-feira.
Efeito das tarifas de Trump sobre as importações
O ex-presidente Donald Trump já aumentou as tarifas de importação sobre produtos da China em 20% e prometeu a implementação de tarifas recíprocas a partir de 2 de abril.
De acordo com Gold, essas medidas são o principal motivo para o antecipação de estoques pelos importadores, mesmo com a recente indecisão sobre as tarifas aplicadas a produtos do Canadá e México.
“As tarifas intermitentes contra o Canadá e o México não terão impacto direto nos volumes dos portos, porque a maior parte desses produtos chega ao país por caminhão ou trem”, explicou Gold.
Na última terça-feira, Trump suspendeu uma pausa de um mês sobre as tarifas de 25% para importações do Canadá e México, anunciadas em fevereiro. No entanto, dois dias depois, ele adiou a implementação das tarifas para mercadorias que atendem aos critérios do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA).
Nova proposta tarifária pode elevar ainda mais os custos
Além das tarifas já aplicadas, outra iniciativa da administração Trump pode afetar os volumes de importação nos portos dos EUA.
Em fevereiro, o United States Trade Representative (USTR) propôs uma taxa de até US$ 1,5 milhão para navios construídos na China que atracarem nos portos americanos. Atualmente, a proposta está em período de consulta pública.
“Uma parte significativa da frota global de contêineres foi construída na China. Isso significa que esses custos adicionais serão repassados aos donos da carga e, no fim, ao consumidor”, afirmou Ben Hackett, fundador da Hackett Associates.
Se essa proposta for implementada, pode levar os importadores a usarem navios maiores e consolidarem os envios, reduzindo o número de paradas nos portos dos EUA. Isso poderia afetar portos menores, que dependem de um alto volume de escalas de embarcações.
“Os portos conseguiram lidar com o aumento do volume de importação no último trimestre de 2024 sem grandes problemas, mas essa nova medida colocaria mais pressão sobre a cadeia de suprimentos e prejudicaria os portos menores do país”, alertou Hackett.
Previsões para o restante de 2025
Embora as importações devam crescer no curto prazo, a previsão é de que os volumes comecem a cair em junho e julho, marcando a primeira queda desde setembro de 2023.
No entanto, essa redução pode ser parcialmente explicada pela antecipação de estoques no segundo semestre de 2024, quando importadores se adiantaram devido à ameaça de greves nos portos da Costa Leste e do Golfo.
Imagem: Envato
Informações: Philip Neuffer para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo