Inovação
‘Com serviços financeiros, varejo entra na intimidade do cliente’
Para fundadora da Evlos, varejistas que incorporam esse tipo de solução ganham maior conhecimento sobre os hábitos de consumo
Cada vez mais, as empresas de varejo buscam ampliar sua atuação oferecendo soluções financeiras. A tendência ganha força por trazer uma série de vantagens, entre elas diminuir a fricção do processo de compra e permitir conhecer mais sobre os hábitos de consumo do cliente, seja ela uma pessoa ou empresa.
Em conversa com a Central do Varejo, Sarah Almachar, fundadora e administradora da Evlos, traz mais detalhes sobre o potencial dessas ferramentas para o varejo. Considerada um hub de soluções tecnológicas, a Evlos auxilia empresas a oferecer soluções financeiras ao consumidor embutindo sistemas de terceiros em sua plataforma ou disponibilizando conhecimento para que a marca estruture uma operação com recursos próprios, através da criação de fundos e emissão de títulos. Confira os detalhes da conversa.
Muitas redes têm apostado em oferecer soluções financeiras e de crédito para sua base de clientes. O que leva o varejo a investir nisso?
Ao oferecer crédito, o varejista gera oportunidades, amplia o número de fornecedores, a variabilidade de produtos e modelos de negócio, valoriza a marca e ajuda na missão de fazer mais parte da vida dos seus clientes. Nesse sentido, o primeiro grande benefício é tirar a fricção do processo de compra, o que facilita a aquisição do bem ou serviço. É possível criar uma série de soluções, como o modelo de pegue agora e pague depois, ou estruturar engenharia que ajuda a financiar essa compra.
Já o segundo ponto está ligado ao aprendizado. Ao ganhar acesso a esse lado financeiro, o negócio passa a ter maior proximidade com as necessidades do cliente. No caso do B2B, é possível entender como a empresa trabalha em todas as pontas, quais os fornecedores, o que permite enxergar oportunidades para além da sua atuação enquanto varejista. E se for B2C, a rede vai entrar na intimidade do cliente e conhecer seus gostos, horários de acesso e outros fatores que apontam tendências de consumo.
Por fim, existe ainda um terceiro aspecto, que é a geração de receitas adicionais. O setor financeiro é extremamente lucrativo, e quem tem um bom ecossistema consegue alavancá-lo e criar novas fontes de renda.
E do lado dos clientes, quais as vantagens de recorrer a um varejista no lugar de uma instituição tradicional para acessar serviços financeiros?
O banco é uma instituição necessária, mas que não consegue ter proximidade com o cliente. Quem faz isso são as marcas com as quais a pessoa se identifica. O relacionamento, a empatia, a confiança vem com a marca que eu me vejo ou que representa aquilo que quero que as pessoas pensem de mim. Então essa relação íntima favorece muito o acesso por parte do varejista.
Quais estratégias uma rede de varejo deve adotar para ter sucesso com esse tipo de serviço e como usá-la para impulsionar suas vendas?
É preciso começar testando. Só de embutir um serviço financeiro em sua plataforma já é um grande laboratório para o varejo aprender com o ecossistema. Podem ser soluções mais simples que facilitam a vida de quem compra, como um financiamento, uma linha para a pessoa consumir e pagar depois. E a vantagem de se conectar via API com uma financeira é que o dinheiro vem dessa instituição. Então o varejo não tem risco, apesar de o lucro ser menor. Por outro lado, se a marca quiser buscar margens maiores, também é possível estruturar sua própria operação e fazer o dinheiro girar dentro de sua base.
Quais tendências você observa para o segmento financeiro dentro do varejo nos próximos anos?
O Brasil está na vanguarda quando se trata de soluções financeiras, mas algumas partes ainda podem ser mais estimuladas. Uma delas é facilitar a aquisição de produtos de fora do país, permitindo que o vendedor receba na moeda local. Outra opção é estruturar processos que gerem redução de taxas ou melhorar a logística de trocas para compras no exterior. Além disso, está para sair o Real Digital em 2025, e conforme a legislação avança e traz maior segurança, inclusive em termos de lastro, devemos ver cada vez mais comércios que aceitem as criptos como forma de pagamento.
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