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Exclusivo: Como Carrefour, C&A, Leroy Merlin e Magalu buscam lidar com marketplaces chineses?
A Central do Varejo conversou com representantes de gigantes do setor para conhecer suas estratégias para concorrer com asiáticos
Com uma proposta que une preços baixos, variedade de produtos, tecnologia e eficiência logística, os marketplaces chineses rapidamente ganharam espaço junto aos consumidores brasileiros. Por um lado, o tema vem gerando intenso debate sobre a taxação de compras online feitas por pessoas físicas. Por outro, grandes redes já estabelecidas no país tentam encontrar maneiras de se manter competitivas no mercado diante desses novos concorrentes.
A Central do Varejo conversou com exclusividade com executivos de algumas das principais redes varejistas que atuam no Brasil. Veja a seguir o que os representantes pensam sobre o assunto e como suas empresas procuram trabalhar para fazer frente à proposta trazida pelos marketplaces chineses.
Carrefour
Na visão de Charles Schweitzer, diretor superintendente de Inovação do Banco Carrefour, quem está buscando produtos fora do país faz isso uma questão de exclusividade e por conta da variedade de produtos.
“Acho que a gente perdeu um pouco a mão de construir os produtos de marca própria, de evoluir na exclusividade. Esse é o caminho para se diferenciar do marketplace chinês. Lá é muito mais do mesmo. O mesmo produto você vê em diversos vendedores dentro do mesmo espaço. Seria muito fácil para nós também sermos um seller ali dentro. Então, o diferencial está no produto de exclusividade e no produto de marca própria. É no que devemos investir para nos diferenciarmos”, revela.
C&A
Fernando Brossi, vice-presidente de Operações da C&A, lembra que a rede existe desde 1841 e está no Brasil desde 1976. Ao longo desse caminho, enfrentou várias situações e lidou concorrentes de forças diferentes, mas sempre se manteve relevante.
“Lembro quando a Forever 21 veio para o Brasil, toda a mobilização que gerou. Respeitamos os concorrentes e estamos tentando fortalecer nossas capacidades. Temos a loja física, por onde passam 1 milhão de clientes todos os dias. Também temos capacidade de falar com o consumidor fora da loja e continuar essa relação dentro dela. Então tudo o que estamos fazendo é fortalecer as nossas competências-chave de modo a continuarmos relevantes para as pessoas. O mercado de moda é grande, e a capacidade de oferecermos um atendimento humano vai manter nosso espaço de forma consistente”, acredita.
Leroy Merlin
Já segundo Bruna Cazelato, diretora de Abastecimento da Leroy Merlin, o cliente está cada vez mais exigente e vai buscar preço e prazo acima de tudo. Para responder a essa tendência, é importante ter uma cadeia eficiente capaz de reduzir custos, além de contar com processos bem estabelecidos.
“Claro que tem essa questão da parte do imposto que precisa ser reavaliada, mas se tivermos as mesmas condições de negociação, tenho certeza que conseguiremos competir. Outro ponto é a escalabilidade do volume. Se avançarmos no faturamento e diluirmos os custos fixos para termos uma entrega expressa, conseguiremos também possibilitar essa comodidade para os clientes. Isso vai permitir competir em prazo e em preço com os chineses”, resume.
Magalu
Por fim, Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu, considera a concorrência com os marketplaces chineses injusta. Na sua visão, elas contam com condições desiguais para comercializar produtos no país.
“Não é que o varejo nacional está tendo dificuldade de concorrer com os chineses. É que eles não pagam imposto até um determinado valor. E a gente paga e gera emprego. Só queremos ter as mesmas condições deles. É uma concorrência injusta. Eles vendem aqui e não geram emprego, e a gente vende gerando emprego e pagamos quase 37% de imposto. Não é certo”, dispara.
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Imagem: Freepik