Web Summit Lisboa debate impacto da IA nos mais diversos nichos

Nos dois primeiros dias do Web Summit Lisboa, o evento foi dominado por discussões impactantes sobre o futuro da inteligência artificial e sustentabilidade, com um destaque para a urgência em definir rumos éticos e inovadores para o uso dessas tecnologias.

A conferência começou com uma mesa redonda intitulada The Great AI Debate: Who Decides Our Future?. Max Tegmark, renomado professor do MIT, chamou a atenção para a necessidade de usar a IA como uma ferramenta que beneficie os seres humanos, ao invés de criar um cenário onde competimos com máquinas. Tegmark enfatizou a importância de decidir cuidadosamente o que delegar às máquinas, alertando contra uma abordagem indiscriminada. Thomas Wolf, da Hugging Face, adicionou à conversa uma previsão de que 2024 será um ano de grandes investimentos em IA robótica, destacando o impacto global iminente dessas tecnologias. Ele ironizou a ideia de uma “guerra de IA” entre Estados Unidos e China, chamando-a de uma guerra suicida, dado que os efeitos da IA transcendem fronteiras e afetam todo o planeta.

Imagem: Amanda Dechen

Etosha Cave, cofundadora da Twelve, impressionou o público com sua abordagem inovadora para transformar CO2 em combustível de aviação. Sua empresa, que recentemente arrecadou 645 milhões de dólares, está na vanguarda da descarbonização do setor aéreo. Cave apresentou uma visão ainda mais ambiciosa: além de impactar a aviação, a tecnologia desenvolvida pela Twelve tem o potencial de revolucionar toda a indústria de manufatura, criando produtos a partir do ar. A proposta promete ser uma virada de jogo na luta contra o aquecimento global, uma vez que aponta para a possibilidade de “desfossilizar” a produção de bens do dia a dia.

Imagem: Amanda Dechen

Uma das discussões mais aguardadas foi a entre Frank Cooper III, CMO da Visa, e Pharrell Williams, músico e empreendedor. A dupla explorou a interseção entre cultura e comércio, destacando como a economia de criadores molda os negócios. Pharrell trouxe insights sobre como a tecnologia e as mídias sociais influenciam a formação de tendências culturais, enquanto Frank ressaltou a importância da filantropia e do impacto social das marcas. A conversa mostrou como, hoje, cultura e comércio são mais interligados do que nunca, com criadores influenciando diretamente as decisões de consumo e as estratégias de negócios.

Imagem: Amanda Dechen

Anastasis Germanidis, da Runway, apresentou um painel sobre o papel da IA na transformação do entretenimento. Ele explorou como novas inovações em IA estão democratizando a produção de filmes e acelerando o desenvolvimento de conteúdos criativos. Para Germanidis, a IA não só amplia as possibilidades de narrativa, mas também empodera artistas independentes e grandes corporações a explorar novos caminhos de storytelling, abrindo um universo de novas possibilidades criativas.

Imagem: Amanda Dechen

Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai, trouxe uma discussão essencial sobre os desafios éticos do uso de dados na criação de modelos de IA. Braga enfatizou a necessidade de uma regulamentação robusta e de uma reflexão ética profunda sobre o uso dessas tecnologias. Ela destacou que, no futuro, cada pessoa poderá ter seu próprio avatar ou “clone” digital, o que levanta importantes questões sobre privacidade e controle de dados. Braga ainda criticou os investimentos bilionários em IAs que simplesmente replicam soluções já existentes, argumentando que a prioridade deveria ser a melhoria contínua dos modelos atuais.

Imagem: Amanda Dechen

Os dois primeiros dias do Web Summit Lisboa demonstraram que o futuro das tecnologias emergentes será moldado por decisões éticas e criativas que colocam o ser humano no centro de tudo.

Imagens e informações: Amanda Dechen, Community Manager do Pecege e Hostess do MBA USP/Esalq.