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33% dos trabalhadores possuem problema sério de saúde mental

Os sofrimentos mentais mais recorrentes são depressão, ansiedade e estresse, e acomete principalmente mulheres

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Homem em ambiente de trabalho, sentado no chão em posição de lótus fazendo meditação com laptop aberto ao seu lado.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Vittude em parceria com a Opinion Box, cerca de 33% dos trabalhadores possuem problema sério de saúde mental. Dentre as patologias consideradas estão: ansiedade (14%), depressão (9%) e estresse (9%). Essa revelação arrebatadora ressalta a urgência de encarar de frente os desafios que rondam a saúde mental no ambiente de trabalho. Resultados também mostram que as mulheres são mais afetadas por estresse, depressão e ansiedade do que os homens, com 10% e 6%, respectivamente. 

Esse adoecimento mental também foi encontrado nos líderes, que apresentam maiores índices de transtornos do que os colaboradores que não têm cargos de liderança. Esses transtornos ganham relevância, destacando a importância de criar um ambiente mais compassivo, consciente e acolhedor para todos os profissionais. Para 70% dos entrevistados, as empresas não sabem lidar com a saúde mental dos funcionários. Além disso, 72% responderam que escolheriam trabalhar em uma empresa que tenha programas voltados para cuidados com a saúde mental.

A Profa. Joana Novaes Coordenadora do Laboratório de Práticas Sociais Integradas da UVA e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicanálise, Saúde e Sociedade/UVA fala sobre como as empresas podem ajudar a lidar com a ansiedade, depressão e estresse. “A empresa precisa ficar atenta às relações de trabalho, e isso significa escuta, cuidado, atenção, humanização, dar um espaço de fala para o trabalhador, um espaço de descanso. Que o trabalho não seja uma exploração. É importante que tenha um psicólogo na sua equipe, que pode parecer uma obviedade, mas muitas empresas não têm. É preciso também investir para que os funcionários se encontrem presencialmente, e não manter as pessoas no contato só virtual, porque só aumenta a solidão”, afirma a psicóloga.

Homem em ambiente de trabalho, sentado no chão em posição de lótus fazendo meditação com laptop aberto ao seu lado.

Tatiana Pimenta, CEO e Co-Fundadora da Vittude, em entrevista à Exame, ressalta a necessidade das empresas de começarem a cuidar da saúde mental dos funcionários. “Não cabe mais olhar a saúde mental como um benefício oferecido aos colaboradores. O cuidado emocional precisa ser contínuo e exige atenção e dedicação a programas de prevenção. Afinal, a saúde mental impacta no desempenho de todos os funcionários”, afirma. Segundo a London School of Economics, a despesa que os problemas de saúde mental dos funcionários causam às empresas, por ano, é de cerca de R$200 bilhões. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, esse número pode chegar a até 6 trilhões de dólares até 2030.

Joana Novaes comenta sobre a importância do líder na preservação da saúde mental dos funcionários: “Certamente colaboradores satisfeitos dentro da empresa produzem mais. Para você produzir, você precisa se sentir respeitado, e para isso, o líder tem que estar atento aos limites dos seus funcionários, preservar a hora de descanso, não ficar mandando comunicado fora do horário de trabalho no WhatsApp, nem demandas de trabalho abusivo, e ter um interesse pela vida pessoal do funcionário, perguntar como é que tá a família, como é que tá a saúde. Quer dizer, mostrar o mínimo de empatia certamente faz com que esse sujeito se sinta não só como parte integrante, mas se sinta prestigiado”, explica.

A psicóloga ainda reflete sobre a maneira como as empresas vêem os funcionários e estabelecem relações de trabalho: “O nível de exasperação dos funcionários mostra uma falta de reconhecimento dos direitos humanos básicos, a horas de sono, alimentação adequada, descanso. Enfim, então tudo isso dentro de uma perspectiva biopsicossocial interfere diretamente na boa saúde e na preservação da saúde mental desse sujeito colaborador funcionário”, ressalta.

Imagem: Envato

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