Comportamento
Trabalho híbrido triplica na América Latina depois da pandemia
Pesquisa mostra que Brasil é o país que mais adere ao modelo; combinação preferida pelas empresas é de dois dias presenciais e três dias remotos
O trabalho híbrido, que combina dias presenciais nos escritórios com dias de home office, tem se popularizado desde o começo da pandemia da Covid-19 e firmou-se como a solução adotada pela maioria das empresas na América Latina. De acordo com o estudo “ Futuro do trabalho: Os modelos para o local de trabalho na América Latina” realizado pela JLL, consultoria imobiliária global especializada no mercado corporativo, 72% das empresas da região optaram pelo trabalho híbrido. Esse índice, que é o maior registrado globalmente, triplicou após o fim da pandemia.
Em contrapartida, o trabalho 100% remoto é a modalidade com menor aderência na América Latina, sendo a escolha de somente 10% das companhias. A pesquisa também revelou que a adoção do trabalho híbrido é realidade para empresas de diferentes portes, segmentos e origens, desde organizações com presença global, acima de 750 colaboradores, até aquelas menores e regionais.
“As organizações mais flexíveis quanto ao modelo de trabalho são as de tecnologia e telecomunicações. Muitas já adotavam o modelo híbrido antes da pandemia e, agora, aumentaram a política para mais funcionários”, revela Andreza Silva, diretora associada de Consultoria em Gestão de Mudanças e Futuro do Trabalho da JLL.
Trabalho híbrido no Brasil
No Brasil, 86% das empresas adotam o modelo híbrido, sendo que 45% optaram por uma política de dois dias no escritório e três dias em home office. Os picos de presença nos espaços corporativos são às terças, quartas e quintas-feiras. “Isso nos mostra que a ocupação do escritório ainda é alta e por isso o espaço precisa ser pensado para atender de forma adequada ao volume de colaboradores”, avalia a especialista.
Em contrapartida, cresceu o entendimento de que o desenho e o propósito do escritório não são mais os mesmos, já que ele compete com outros lugares onde as pessoas podem trabalhar. Áreas de convivência e de troca de informações, que facilitem o trabalho em equipe, têm sido cada vez mais valorizadas. Ou seja, hoje, “se por um lado as empresas estão racionalizando seus espaços, com um uso no agregado menor em metragem, por outro lado são necessários mais metros quadrados por pessoa para que o escritório atual seja atrativo e funcional”, analisa Roberto Patiño, diretor de Integrated Portfolio Services da JLL.
Movimento de mudança
A pesquisa também revelou que 50% das empresas entrevistadas avaliam alterar suas políticas de trabalho em um futuro próximo. Cerca de 70% declaram enfrentar desafios sobre a política de trabalho. Para Silva, isso se deve a necessidade constante de adaptação às necessidades dos funcionários. “A pandemia ensinou que é preciso permanecer flexível para reter e atrair talentos. Esse resultado mostra que as empresas estão atentas a possíveis mudanças considerando não somente questões como produtividade, mas também desafios culturais e de responsabilização”, pontua a especialista.
“Em resumo, precisamos aprender sobre as necessidades das companhias e – especialmente – das pessoas, trabalhando com clareza e transparência essa relação. Vivemos em constante movimento e precisamos nos manter flexíveis e resilientes para respondermos de maneira ágil a desafios que ainda nem conhecemos”, finaliza Patiño.
Imagem: Envato