Operação
Keeta anuncia entrada no mercado de delivery brasileiro com foco em tecnologia e parceria

A empresa Keeta confirmou sua entrada no mercado brasileiro de delivery durante a plenária do Instituto Foodservice Brasil (IFB), realizada com a presença de Tony Qiu, presidente da Keeta e vice-presidente da Meituan. Em sua primeira aparição pública no país, Qiu apresentou a visão da companhia e destacou os desafios e oportunidades do setor no Brasil.
Durante o evento, Tony Qiu comparou o mercado de São Paulo ao de Pequim, ressaltando que, embora ambas as cidades tenham populações semelhantes, a capital chinesa registra cerca de 4,6 milhões de pedidos diários de delivery, frente aos 600 mil da capital paulista. Segundo ele, o dado demonstra o potencial de expansão do setor no Brasil. Qiu também observou que a predominância de um único aplicativo no país pode limitar a inovação e gerar custos mais altos para restaurantes, entregadores e consumidores.
A Keeta informou que pretende construir um modelo baseado em eficiência operacional e colaboração com os parceiros, sem foco exclusivo na disputa por participação de mercado. A estratégia, segundo a empresa, já foi aplicada na China, onde a Meituan apoiou redes de restaurantes na expansão de 200 para 20 mil unidades por meio do uso de dados geográficos e comportamentais. No Brasil, o uso dessas informações será adaptado à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com foco em beneficiar os parceiros.
A tecnologia foi destacada como um dos pilares da atuação da empresa. De acordo com Qiu, mais de 10 mil engenheiros trabalham atualmente no ecossistema Meituan, desenvolvendo soluções para roteirização, previsão de demanda e experiência do usuário. Tecnologias como drones, lockers inteligentes e capacetes com sensores já são utilizadas em outros países e poderão ser adaptadas ao mercado brasileiro. O executivo citou casos como o da Arábia Saudita, onde a empresa priorizou entregas por carro devido ao clima, e de Hong Kong, onde lockers em prédios foram usados para contornar restrições de acesso aos entregadores.
O relacionamento com os entregadores também foi abordado. A empresa pretende oferecer maior estabilidade de renda e adotar medidas de segurança e bem-estar. Entre as ações já implementadas em outros países estão capacetes conectados a centrais de monitoramento e apoio educacional para os filhos dos profissionais. A viabilidade dessas iniciativas está sendo analisada para o Brasil, junto com a possibilidade de uso de lockers em edifícios com restrição de acesso a entregadores.
A operação brasileira será composta majoritariamente por profissionais locais. Segundo a empresa, embora conte com cerca de 100 colaboradores chineses, 90% da equipe será formada por brasileiros, com autonomia para tomar decisões alinhadas à realidade do país. Qiu afirmou que a Keeta está em processo de aprendizado e adaptação ao mercado brasileiro antes de iniciar uma ampliação das operações.
“A presença de Tony no IFB marca um ponto de virada no setor de foodservice brasileiro. A chegada da Keeta sinaliza não apenas a entrada de um novo player global, mas a abertura de um novo capítulo de competitividade, eficiência e inovação em nossa cadeia de valor. O mercado precisa de alternativas, e o Brasil precisa ser olhado com profundidade, não com fórmulas prontas, e foi exatamente isso que Tony nos trouxe hoje”, declarou Ingrid Devisate, vice-presidente executiva do Instituto Foodservice Brasil.
A Keeta afirma que seu modelo de atuação será baseado em eficiência, transparência e parceria, com foco no diálogo contínuo com operadores, entregadores e consumidores.
Imagem: Reprodução