Estudo aponta impacto de remédios para emagrecimento no varejo

O aumento no uso de medicamentos para emagrecimento à base de GLP-1, como o Ozempic, está remodelando o varejo de vestuário nos Estados Unidos, à medida que os varejistas enfrentam uma mudança na demanda por tamanhos e um crescimento nas devoluções.

A procura por tamanhos maiores (G, GG, XGG) caiu, enquanto as vendas de tamanhos menores estão em alta, o que pode deixar 400 milhões de peças desalinhadas com a demanda dos consumidores até 2027, caso a tendência se acelere. A conclusão é de um estudo da Impact Analytics, baseado em dados nacionais de vendas e devoluções de grandes varejistas de moda entre 2022 e 2024.

Segundo a Impact Analytics, os primeiros sinais de alerta surgiram em 2024, quando Nova York (maior mercado do país para prescrições não relacionadas ao diabetes de medicamentos para emagrecimento) começou a registrar o colapso das curvas tradicionais de tamanhos. O mesmo padrão agora aparece em todo o território nacional. Atualmente, mais de 12% dos adultos norte-americanos já experimentaram remédios para emagrecimento à base de GLP-1 e 6% fazem uso ativo. A previsão é que esse índice atinja 8% até 2027, acelerando a mudança nos hábitos de compra.

O relatório, intitulado “O ponto cego de US$ 5 bilhões do varejo: como os GLP-1 estão quebrando as curvas de tamanho”, alerta que a alteração nas curvas de numeração pode gerar até US$ 5 bilhões em risco de margem. O documento também aponta aumento generalizado nas devoluções, já que consumidores lidam com mudanças em seus corpos e medidas.

“Os medicamentos GLP-1 estão desestruturando a curva de tamanhos dos EUA em tempo real, e os processos tradicionais de planejamento do varejo não estão preparados”, disse Prashant Agrawal, fundador e CEO da Impact Analytics, fornecedora de softwares de planejamento, precificação e previsão baseados em IA. “O avanço dos GLP-1 está colapsando padrões tradicionais de demanda em uma velocidade inédita para o varejo. Nossos dados mostram que bilhões de dólares em margens de estoque estão em risco, a menos que as marcas comecem a planejar para o consumidor de 2027, e não mais para o de 2022.”

Agrawal acrescentou que os varejistas precisam agir agora para recalibrar suas curvas de tamanhos ou ficarão presos a liquidar estoques encalhados, “perdendo a chance de atender o consumidor do futuro com integridade total de margem”.

Metodologia

A análise combina dados agregados de pontos de venda e devoluções de grandes varejistas de moda dos EUA, tanto físicos quanto online. Foram usados modelos de machine learning para mapear as mudanças na demanda por tamanhos e simular a exposição de estoque até 2027.

Imagem: Envato
Informações: Marianne Wilson para CSA
Tradução livre: Central do Varejo