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Benchmarking no varejo: o que é, tipos e como aplicar na prática

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Benchmarking é uma das ferramentas mais importantes para quem quer tomar decisões mais estratégicas no varejo. Em vez de trabalhar apenas com percepções ou “achismos”, o varejista passa a comparar seus resultados com referências do mercado, aprender com quem está performando melhor e transformar esses aprendizados em ação. Quando bem feito, o benchmarking ajuda a entender onde a operação está ficando para trás, quais oportunidades existem e quais iniciativas podem gerar resultados mais rápidos.

Neste artigo, você vai entender o que é benchmarking, quais são os principais tipos, como fazer um passo a passo de benchmarking no varejo e quais cuidados adotar para que essa prática realmente contribua para o crescimento do negócio.

O que é benchmarking no varejo

Benchmarking é o processo estruturado de comparar o desempenho da sua empresa com o de outras referências do mercado, com o objetivo de identificar boas práticas e oportunidades de melhoria. No varejo, isso significa analisar indicadores como faturamento por metro quadrado, ticket médio, taxa de conversão, giro de estoque, ruptura, custos logísticos, desempenho de campanhas de marketing, entre outros, e compará los com concorrentes diretos ou com empresas que são reconhecidas pela excelência em determinadas áreas.

Mais do que olhar para números isolados, o benchmarking no varejo busca entender como essas empresas organizam processos, utilizam tecnologia, formam equipes, constroem sortimento e experiência do cliente. O objetivo não é copiar o concorrente, mas aprender com ele e adaptar as boas práticas à realidade da sua operação.

Por que é importante para o varejista

O benchmarking ajuda o varejista a enxergar o próprio negócio com mais clareza. Muitas vezes, um indicador até parece bom visto de forma isolada, mas se mostra baixo quando comparado com o desempenho médio do setor. O contrário também acontece. Um resultado que parece ruim pode estar alinhado ao padrão do mercado, o que evita decisões precipitadas.

Além disso, o benchmarking orienta a priorização. Se os dados mostram que a taxa de conversão na loja física está muito abaixo da média, mas o ticket médio está em linha com o mercado, a gestão pode focar primeiro em ações de atendimento, layout e jornada de compra, antes de mexer em preços ou sortimento. O benchmarking também é útil para justificar investimentos, apoiar apresentações para sócios ou conselho e embasar o planejamento estratégico.

Principais tipos de benchmarking

Existem diferentes tipos de benchmarking que podem ser aplicados no varejo. Cada um cumpre um papel específico e pode ser usado em momentos distintos.

O primeiro tipo é o benchmarking interno. Ele compara lojas, canais ou regiões da própria rede. Uma unidade que tem melhor resultado em vendas por colaborador, por exemplo, pode servir de referência para outras lojas entenderem o que está sendo feito de forma diferente em gestão de equipe, treinamento ou rotina operacional.

O segundo tipo é o benchmarking competitivo. Aqui, o varejista compara seus indicadores com os de concorrentes diretos, que disputam os mesmos clientes e atuam na mesma região ou segmento. É um tipo de benchmarking delicado, porque envolve informações sensíveis, mas que pode ser construído com base em dados públicos, pesquisas de mercado e acompanhamento sistemático das estratégias dos concorrentes.

O terceiro tipo é o benchmarking funcional. Nesse caso, a empresa busca referências fora do seu segmento, olhando para organizações reconhecidas pela excelência em uma área específica. Um varejista de supermercados pode estudar a operação logística de um grande player de e commerce, por exemplo, para aprender sobre entrega rápida e gestão de estoque. Ou uma rede de moda pode se inspirar na experiência de atendimento de uma empresa de serviços.

O quarto tipo é o benchmarking genérico. Ele olha para boas práticas amplas que podem ser aplicadas em qualquer negócio, como programas de fidelidade, uso de dados para personalização, políticas de trocas e devoluções ou modelos de organização de times. Mesmo quando a realidade de porte e orçamento é diferente, esse tipo de benchmarking ajuda a construir uma visão de futuro para o varejo.

Como fazer benchmarking no varejo passo a passo

Para que o benchmarking gere resultados concretos, é importante seguir um processo estruturado, em vez de apenas observar o mercado de forma superficial. A seguir, um passo a passo para organizar esse trabalho.

O primeiro passo é definir o objetivo do benchmarking. O varejista precisa responder de forma clara qual pergunta quer responder. Pode ser entender por que a margem está abaixo do mercado, descobrir como reduzir ruptura de estoque, melhorar a experiência no caixa ou aumentar a conversão no e commerce. Um objetivo bem definido ajuda a escolher métricas, fontes de informação e empresas de referência.

O segundo passo é selecionar os indicadores que serão analisados. No varejo, alguns exemplos comuns são vendas por metro quadrado, vendas por colaborador, ticket médio, número de itens por compra, taxa de conversão, margem bruta, margem operacional, giro de estoque, nível de ruptura, prazo médio de entrega, NPS ou outras métricas de satisfação do cliente. É importante padronizar conceitos e fórmulas para que a comparação seja válida.

O terceiro passo é escolher as empresas e referências que farão parte do benchmarking. A seleção pode incluir concorrentes diretos, empresas líderes em determinadas categorias, redes de outros estados ou até varejistas de segmentos diferentes que tenham boas práticas relevantes. É possível usar dados públicos, relatórios de mercado, associações setoriais, consultorias, além de visitas técnicas e participação em eventos.

O quarto passo é coletar os dados. Em alguns casos, as informações estarão em relatórios e balanços. Em outros, será necessário realizar pesquisas de campo, como visitas às lojas, compras ocultas, entrevistas com clientes e acompanhamento de jornadas digitais. Também é importante organizar e qualificar os dados internos, garantindo que o sistema de gestão, o ERP e as ferramentas de e commerce estejam atualizados e consistentes.

O quinto passo é analisar as diferenças de desempenho. Com os dados consolidados, o varejista pode comparar seus números com as referências escolhidas e identificar onde está acima, abaixo ou alinhado ao mercado. Mais do que olhar para percentuais isolados, é recomendável buscar padrões. Se todas as lojas têm margens similares, mas apenas algumas conseguem melhor conversão, pode haver uma questão específica nesses pontos de venda.

O sexto passo é investigar as causas. Essa etapa é qualitativa e exige escuta ativa. Ela pode envolver conversas com gerentes de loja, operadores de caixa, equipes de estoque, parceiros de tecnologia e fornecedores. A ideia é entender por que uma empresa ou unidade consegue um resultado melhor e quais práticas concretas sustentam esse desempenho.

O sétimo passo é transformar o benchmarking em plano de ação. As descobertas devem se desdobrar em iniciativas concretas, com responsáveis, prazos e metas. Pode ser a revisão de processos de reposição, a implementação de um novo modelo de escala de trabalho, a mudança de layout, a renegociação com fornecedores ou a adoção de ferramentas de análise de dados. O importante é que as ações estejam alinhadas ao objetivo definido no início.

Por fim, o oitavo passo é acompanhar os resultados ao longo do tempo. O benchmarking não é uma fotografia única, mas um processo contínuo. A empresa precisa atualizar seus indicadores, acompanhar a evolução dos concorrentes e revisar periodicamente suas referências, já que o mercado muda rápido e novas práticas surgem o tempo todo.

Boas práticas e cuidados

Embora o benchmarking seja uma ferramenta valiosa, alguns cuidados são fundamentais para evitar distorções. O primeiro é respeitar limites éticos e legais. A comparação deve ser feita com base em dados públicos, pesquisas estruturadas e parcerias formais, sem quebra de confidencialidade ou uso indevido de informações sigilosas.

Outro cuidado é sempre considerar contexto e escala. Uma prática que funciona bem em uma rede com centenas de lojas pode não ser viável para um varejista de duas unidades. Da mesma forma, resultados de uma operação em uma grande capital nem sempre podem ser replicados de forma automática em cidades menores. O benchmarking precisa ser adaptado à realidade local.

Também é importante evitar a ilusão de que existe um modelo único de sucesso. O benchmarking deve ser um ponto de partida para reflexão, não um roteiro a ser copiado. O varejista que conhece bem seu público, sua região e seu posicionamento consegue filtrar melhor quais práticas fazem sentido e quais não combinam com a cultura da marca.

Conclusão: benchmarking como hábito de gestão no varejo

Quando incorporado à rotina de gestão, o benchmarking deixa de ser um exercício pontual e passa a fazer parte da cultura de melhoria contínua no varejo. Em um ambiente de margens apertadas e consumidores mais exigentes, comparar resultados, aprender com o mercado e agir rapidamente deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade.

Usar o benchmarking de forma estruturada permite que o varejista tome decisões com base em dados, identifique prioridades com mais clareza e acelere a adoção de boas práticas. Para quem quer crescer de forma sustentável, acompanhar referências do setor e transformar esses aprendizados em planos de ação é um dos caminhos mais consistentes para aumentar competitividade e gerar resultados melhores ao longo do tempo.

Imagem: Freepik

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