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Exclusivo: Para sócia da Hope, quem vem da indústria começa a pensar diferente atuando no varejo
Em entrevista à Central do Varejo, Sandra Chayo revela os detalhes da evolução de cultura vivenciada pela companhia desde 2005
Uma das mais tradicionais marcas dentro do segmento de moda íntima do Brasil, a Hope passou por grandes transformações desde sua entrada no varejo, em 2005. A partir do contato direto com o cliente, a empresa começou a entender melhor suas necessidades e transformou toda sua cultura, incluindo mudanças importantes no desenvolvimento de produtos e na frequência dos lançamentos. Em entrevista exclusiva à Central do Varejo durante a ABF Expo, Sandra Chayo, sócia-diretora do Grupo Hope, revela os detalhes da evolução vivenciada pela companhia. Confira.
Como foi a experiência de ser pioneira no varejo nacional dentro do segmento de lojas de lingerie?
Foi muito desafiador. Mas eu era muito jovem na época, e nessa fase nos atiramos e depois vamos resolvendo os problemas. A motivação principal foi que eu estava fazendo um trabalho de rebranding da marca. Até então, a Hope vendia para lojas multimarcas especializadas e lojas de departamento. E eu sentia falta de um local onde as nossas clientes conseguissem perceber esse valor agregado da marca. Não havia um espaço onde a pessoa pudesse entrar, encontrar uma equipe de loja treinada que soubesse oferecer o benefício e a proposta dos nossos produtos, sentir um aroma, tocar uma música.
E em relação à cultura da empresa, quais foram os desafios?
Como somos da indústria, lançávamos coleções uma ou duas vezes ao ano, uma de inverno e uma de verão. Porém, quando se entra no varejo, precisa ter novidades sempre. Hoje, temos lançamentos semanais, mas até chegar lá foi uma grande mudança de cultura, de estrutura fabril, de planejamento, de produção, da equipe de estilo. Foi todo um trabalho de fora para dentro, pegamos a necessidade do mercado e trouxemos para a empresa. Quando se tem o cliente no centro e quer resolver uma dor do mercado, fazemos acontecer.
De que forma o contato direto com o cliente através do varejo ajuda a entender melhor os seus gostos?
Antes eram muitos interlocutores até o cliente final. Em março de 2006, lançamos um dos primeiros e-commerces de moda do Brasil, e aí o contato é mais direto ainda. Não tinha redes sociais, mas recebíamos muitos emails, feedbacks, avaliação de produtos, e isso foi trazendo muitos insights para desenvolvimento de novos produtos. E sempre fomos muito inovadores também na questão de produção.
Em 2021, por exemplo, lançamos um produto desenvolvido por seis clientes que passaram pela cirurgia de câncer de mama. Como elas sentiam necessidades específicas, convidamos todas para vir a São Paulo para criar uma linha e participar da campanha de lançamento. Esse contato direto só é possível por sermos uma marca que está no varejo, que não tem tantos degraus para chegar no cliente final.
Como a experiência no desenvolvimento das primeiras lojas lá em 2005 vem ajudando vocês na criação de novos modelos de negócio agora?
Quem vem da indústria começa a pensar diferente fazendo varejo. Muda totalmente o mindset, o foco passa a ser o cliente final, e vários aprendizados que tivemos lá atrás se transformaram em vantagens competitivas hoje.
Imagem: Divulgação