Comportamento

Além da consciência negra: como realmente promover a igualdade racial na sua empresa?

Líderes negras apontam iniciativas estratégicas para que o S de ESG reflita em resultados efetivos

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Três mulheres negras sorrindo para foto juntas

Nos últimos anos, a discussão sobre diversidade tem ganhado destaque em diversos setores da sociedade, sobretudo em ESG nas empresas. No entanto, a busca por igualdade racial genuína ainda é um desafio, considerando os índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O percentual de pessoas negras em posições de trabalho vulneráveis chega a 47,1%, enquanto a diferença salarial se mantém alta mesmo em posições com ensino superior. Nas 500 maiores corporações do país, menos de 5% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras; apenas 0,4% são mulheres negras, mostrando que a igualdade racial ainda está longe de ser alcançada no mundo corporativo.

Os dados mostram que promover a diversidade de maneira verdadeiramente inclusiva, é uma necessidade fundamental para fazer mais que ações superficiais, pois a contratação é apenas o primeiro passo. Além disso, a presença de mulheres e pessoas negras em posições de liderança nas empresas contribui para melhor desempenho criativo e financeiro, como apontado em estudo da Fundação Lemann.

De acordo com executivas negras, o letramento racial nas organizações propicia o desenvolvimento de soluções concretas e ações afirmativas contribuem para o crescimento no acesso a oportunidades, mas há ainda um grande contingente de talentos negros excluídos do mercado de trabalho.

Para Natália Paiva, Diretora Executiva do Mover (Movimento pela Equidade Racial), é preciso fazer mais do que inserir cotas em processos seletivos. “É importante sair da carta de intenções e investir na adaptação de práticas e processos que sejam mensuráveis e com níveis de responsabilização. Não se trata somente de promover acesso a vagas de trabalho, mas de oferecer ferramentas para que carreiras negras sejam impulsionadas. Portanto, uma mudança na cultura corporativa é necessária, acompanhada de capacitação e de oportunidades. Este trabalho é fundamental para a justiça social e impacta positivamente o cenário socioeconômico como um todo”. 

Luana Corrêa, gerente de Comunicação e Novos Negócios RJ na Mais Diversidade, afirma que é preciso ser incisivo nas ações em busca da igualdade racial. “Em primeiro lugar, é preciso ter intencionalidade. O racismo afastou pessoas negras de oportunidades ao longo da história e hoje vivemos a consequência disso. É importante encarar esse problema de frente, com ações intencionais e propostas diretas para atração, retenção, desenvolvimento e valorização de pessoas negras em diferentes espaços, não apenas no contexto empresarial e corporativo. Também é importante fazer com que pessoas negras participem das tomadas de decisão nesses processos de inclusão, respeitando o lugar de fala desse grupo e o lugar de escuta enquanto pessoas aliadas.”

Segundo a Diretora Executiva da {reprograma}, Nadja Brandão, as mulheres negras precisam ser protagonizadas. “Nas contratações, as empresas precisam se comprometer ativamente em superar os vieses e barreiras que impedem a inclusão de mulheres negras em cargos de liderança. Isso envolve criar um ambiente acolhedor e inclusivo, adotando políticas de diversidade e programas de treinamento, ampliando as fontes de recrutamento, estabelecendo metas claras de diversidade, e oferecendo programas de desenvolvimento profissional para impulsionar a ascensão na carreira. Sendo assim, eliminar práticas de recrutamento baseadas em estereótipos é crucial para garantir a justa representação e o crescimento de mulheres negras no mundo corporativo.”

Imagem: Envato

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