Brasil lidera maturidade de IA na América Latina

O Brasil ocupa a 13ª posição entre 16 economias avaliadas no “Global AI Readiness Index”, estudo divulgado pela Salesforce sobre a maturidade da adoção de inteligência artificial (IA) no ambiente empresarial. Entre os três mercados latino-americanos analisados, o país lidera o ranking, com 18,0 pontos, seguido por México (15,3) e Argentina (14,1).

O levantamento compara o desempenho das nações em cinco dimensões: estrutura regulatória, difusão e adoção, inovação, investimento e capital humano. O estudo destaca o avanço dos agentes de IA, sistemas capazes de planejar, raciocinar e executar tarefas de ponta a ponta. Segundo o índice, o uso desses agentes deve crescer 327% nas empresas nos próximos dois anos, com potencial médio de ganho de produtividade de 30%.

No cenário brasileiro, a estrutura regulatória alcança 8,5 pontos, resultado próximo da média global de 8,6. Já as dimensões de difusão e adoção (5,0) e capital humano (3,5) estão abaixo das médias de 5,8 e 4,5, respectivamente. Os indicadores de inovação (0,5) e investimento (0,4) ficam distantes da média global, de 1,7 e 1,4, apontando os principais entraves ao desenvolvimento da IA no país.

O estudo identifica três frentes prioritárias para o Brasil: converter a base regulatória em implementação por meio de sandboxes, aquisições públicas e padrões de garantia; acelerar investimentos e a inovação, com ações como missões orientadas, créditos de computação, “blended finance” e coinvestimentos; e ampliar a qualificação e a adoção em larga escala, incluindo formação aplicada, incentivos para pequenas e médias empresas e serviços públicos.

“O Brasil tem um enorme potencial para se destacar no cenário global de IA. Vemos que a dimensão regulatória, comumente citada como uma barreira para o desenvolvimento de novas tecnologias, está próxima do que se vê no mundo, principalmente na Europa. Certamente temos pontos a ajustar na discussão regulatória brasileira e atuaremos com o poder público, setor privado e academia para superar os desafios apontados no estudo. Investimentos estratégicos em educação tecnológica, incentivos à inovação e políticas públicas que fomentem a adoção responsável da IA podem transformar o país em um hub de excelência na área. Além disso, é crucial fortalecer parcerias público-privadas para ampliar a infraestrutura digital e atrair investimentos que acelerem a difusão de tecnologias avançadas, garantindo que o progresso seja inclusivo e beneficie toda a sociedade. Importante destacar que o Brasil tem caminhado nesse sentido, com o debate do plano de atração de datacenters, a reforma tributária e iniciativas como o PBIA, que buscam criar melhores incentivos para o setor no país”, afirma Pedro Brasileiro, gerente sênior de relações com o governo da Salesforce no Brasil.

Entre as iniciativas regionais mencionadas no estudo estão ações em parceria com os estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo para oferecer capacitação gratuita em agentes de IA. O relatório também cita o foco do PBIA 2024–2028 e da Estratégia Brasileira de IA, lançada em 2021, em temas como IA generativa, agentes de IA, ética e aplicações em áreas como logística, transporte, saúde, agronegócio e setor público. O documento aponta ainda o interesse crescente em datacenters sustentáveis no país, impulsionados pelo uso de energia limpa como alternativa para acelerar a difusão tecnológica e a pesquisa e desenvolvimento em IA.

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