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Crocs retira projeções anuais em meio a incertezas no comércio global

A Crocs retirou suas projeções para o ano na quinta-feira (8), citando “o novo ambiente global de comércio, bem como a incerteza nos negócios e entre os consumidores”, segundo comunicado do CEO Andrew Rees.
A empresa também divulgou receitas do primeiro trimestre que ficaram praticamente estáveis em relação ao ano anterior, com resultados melhores do que o esperado nas marcas Crocs e Heydude. As receitas da Crocs aumentaram 2,4%, totalizando US$ 762 milhões, enquanto a Heydude caiu quase 10%, para US$ 176 milhões.
As receitas do canal direto ao consumidor cresceram 2,3%, enquanto o atacado encolheu 1,6%. A margem bruta aumentou para 57,8%, ante 55,6% no ano passado, e o lucro líquido subiu 5%, atingindo US$ 160,1 milhões.
A política comercial do governo Trump parece estar frustrando o momento positivo da Crocs. A empresa foi uma das 76 do setor de calçados que recentemente enviaram uma carta ao presidente Donald Trump pedindo uma isenção para sua categoria.
Com base na atual distribuição de fornecedores, uma tarifa incremental de 10% sobre todos os países que exportam para os EUA representa cerca de US$ 45 milhões em custos, considerando uma base anual em caixa; ao somar a tarifa adicional de 145% sobre a China, o custo total seria de aproximadamente US$ 130 milhões, informou Rees aos analistas na quinta-feira.
Esses números são melhores do que o esperado pelos analistas da Needham, liderados por Tom Nikic, segundo nota de pesquisa divulgada no mesmo dia.
“Achávamos que o impacto seria pelo menos o dobro disso, então essa atualização foi bastante encorajadora”, disse Nikic.
No entanto, Rees alertou que existem questões além dos custos diretos.
“A incerteza diária quanto ao nível dessas tarifas torna extremamente difícil planejar e prever os impactos de curto e longo prazo no nosso negócio”, afirmou. Ele acrescentou, no entanto, que a empresa possui “uma mistura de fornecimento bem diversificada”.
Este ano, os planos incluem cerca de 47% do fornecimento vindo do Vietnã, 17% da Indonésia, 13% da China e da Índia (cada), e 5% do México e do Camboja (cada). Mas isso já está mudando.
“Se esse cenário persistir, é muito improvável que incorramos nesses US$ 130 milhões porque simplesmente não traríamos os produtos”, disse Rees. “Cancelaríamos alguns pedidos, e eu diria que estamos transferindo rapidamente a produção para outros países.”
Ainda assim, o efeito da incerteza também recai sobre os consumidores, afirmou Rees. “É possível que, no futuro, vejamos uma demanda mais fraca por calçados e outros bens de consumo”, disse. “Especialmente considerando o potencial de aumento nos custos e preços mais altos em todo o setor, o que pode pesar ainda mais sobre um consumidor já criterioso.”
A Crocs acabou de cortar cerca de US$ 50 milhões em despesas deste ano para enfrentar melhor o que o CEO chamou de “ambiente macroeconômico atual” e continuará buscando mais reduções.
A empresa também aumentará os preços na medida do possível — e espera que isso se torne uma tendência mais ampla no mercado.
Imagem: Cara Salpini
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo