Inovação
Exclusiva: empresas com propósito têm mais chances de alcançar o sucesso
Ter uma empresa, em geral, significa montar um negócio que atende a alguma necessidade e que gera lucro. Porém, algumas organizações se destacam por ter algo a mais que isso: são empresas com propósito bem definido, que guia suas operações.
Empresas com propósito claro e bem comunicado têm até 63% mais chances de crescer de forma sustentável a longo prazo, de acordo com a consultoria McKinsey. O estudo “The State of Organizations 2024”, conduzido com mais de mil empresas em 14 países, revela que companhias com forte senso de propósito têm até 47% maior poder de retenção de talentos, e 55% maior fidelização de clientes.

E esse propósito pode estar voltado a várias frentes. O ESG (do Inglês, Environment, Social and Governance) mostra isso. É possível ter uma empresa ligada a propósitos sociais, de sustentabilidade ambiental e de boas práticas de governança (como ética, transparência e estrutura de gestão), só dentro desse termo.“Cada vez mais os consumidores têm olhado para a atuação das empresas, então se as empresas estão alinhadas às questões de ESG, elas são lembradas pelos consumidores na hora da escolha”, afirma Priscila Socoloski, CEO da Connecting Food, foodtech que conecta alimentos excedentes do varejo a organizações sociais que atendem pessoas em vulnerabilidade.
A empresa é um exemplo de como atuar nos negócios tendo como base princípios socioambientais. Criada em 2016 pela engenheira de alimentos Alcione Pereira, a Connecting Food já nasceu de uma propósito. “O grande motivador da criação da Connecting Food foi o incômodo com esse paradoxo entre, de um lado, um terço dos alimentos sendo desperdiçados no mundo, e, do outro, pessoas em situação de vulnerabilidade”, conta Socoloski.

Imagem: Priscila Socoloski. Divulgação/Connecting Food.
A Connecting Food atua possibilitando que varejistas façam doações, e cuidando de todas as etapas desse processo. Além disso, a foodtech conecta empresas a instituições capazes de fazer doações de forma responsável. “Fazer uma doação parece uma coisa muito simples, mas tem uma série de questões que precisam ser analisadas: quais alimentos efetivamente estão aptos para o consumo, para qual organização doar, ter uma segurança e processos desenhados”, explica Socoloski. Com a Connecting Food, todo esse trabalho é feito com inteligência de dados, e é revertido em benefícios para o próprio varejista, como uma visão mais ampla da gestão de estoque e a possibilidade de incentivo fiscal no Imposto de Renda.
Outro exemplo de empresa que atua com propósito é o Instituto Visão Solidária rede de franquias de óticas focada em tornar mais democrático o uso de óculos no Brasil, por meio de preços mais acessíveis. A empresa, que nasceu em 2015 no Mato Grosso, hoje já possui mais de cem unidades em todo o país.

Imagem: projeto ‘Criança de Visão’. Divulgação/IVS
Com o intuito de aprofundar seu impacto social, no ano passado a empresa criou o projeto “Criança de Visão”, que visa doar óculos de grau para crianças em vulnerabilidade. “Nós já nascemos com esse propósito de democratizar o acesso aos óculos. Além disso, nós decidimos criar o projeto Criança de Visão, atendendo crianças. Porque a cada ano aumenta o número de crianças e adolescentes com problema de visão, e muitos em situação de vulnerabilidade não têm condição de comprar os óculos. O MEC já divulgou dados que mostram que 23% dos casos de abandono escolar estão relacionados a problemas de visão”, diz Tony Cozendey, CEO e fundador do IVS.
Segundo Cozendey, o Criança de Visão atua identificando pontos de contato com crianças em regiões periféricas, como escolas e ONGs. Lá, eles promovem um dia de realização de exames de visão, e, a partir de então, confeccionam e doam os óculos para as crianças que precisarem.O projeto tem o objetivo de impactar 80 mil crianças e doar 20 mil óculos, contando com a ajuda dos franqueados do IVS. Até agora, já foram doados cerca de 1200 óculos em locais mais vulneráveis.