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Faturamento das PMEs volta a cair em março, aponta índice da Omie

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prestação de contas; empresas reforma tributária; faturamento

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou queda de 2,4% no faturamento médio das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras em março de 2025, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O resultado sucede uma leve alta de 0,3% em fevereiro e levou o primeiro trimestre do ano a encerrar com retração de 1,2% em relação ao mesmo período de 2024. Este é o pior desempenho trimestral desde o último trimestre de 2021.

O índice é elaborado com base em dados de empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, distribuídas em 736 atividades econômicas nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, responsável pelo levantamento, “a queda do IODE-PMEs no período ocorreu em um momento macroeconômico desafiador, com maiores pressões inflacionárias, subida das taxas de juros pelo Banco Central do Brasil e, especialmente, significativa deterioração das expectativas dos agentes econômicos”.

Beraldi acrescenta que “o choque de confiança na economia ocorre tanto em virtude de incertezas domésticas com a condução da política econômica, quanto pelo aumento dos riscos na economia global, com o debate em torno do aumento de tarifas comerciais nos Estados Unidos sob o governo Trump”.

Indicadores de confiança, como a Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE, apontaram queda na confiança do consumidor entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. Apesar de leve alta em março, o indicador permanece no campo pessimista. “O quadro reflete a deterioração da situação financeira e expectativas das famílias, no contexto de subida de juros e aceleração da inflação de alimentos”, afirmou Beraldi.

A Sondagem Omie das Pequenas Empresas, realizada entre fevereiro e março de 2025, também indicou maior pessimismo entre os empresários. O levantamento apontou que 51% esperam piora na economia, ante 39% na pesquisa anterior, de setembro de 2024.

Setores

Entre os setores analisados, o Comércio apresentou crescimento de 2,9% no faturamento em março, em relação ao mesmo período de 2024. Apesar de desaceleração frente ao avanço de 13,1% em fevereiro, o segmento atacadista se destacou com alta de 4,3%, puxado por atividades como ‘representantes comerciais e agentes do comércio de medicamentos, cosméticos e produtos de perfumaria’, ‘comércio atacadista de equipamentos elétricos de uso pessoal e doméstico’ e ‘comércio atacadista de bebidas’.

O varejo, por sua vez, registrou queda de 3% no mês, após crescimento de 1,2% em fevereiro. Entre os segmentos com desempenho positivo estão ‘comércio varejista de medicamentos veterinários’, ‘comércio varejista de equipamentos para escritório’ e ‘comércio varejista de alimentos’.

No setor de Serviços, houve crescimento de 1,5% no faturamento das PMEs em março, em comparação ao mesmo mês de 2024. O desempenho foi puxado pelas áreas de ‘informação e comunicação’, ‘artes, cultura, esporte e recreação’ e ‘atividades financeiras’. Em contrapartida, segmentos como ‘educação’ e ‘serviços profissionais e técnicos’ apresentaram desempenho mais fraco.

Na Indústria, as PMEs acumularam a quinta retração consecutiva, com queda de 7% em março. Dos 23 subsegmentos da indústria de transformação monitorados, 16 registraram redução no faturamento. As quedas mais expressivas foram em ‘metalurgia’ e ‘fabricação de móveis’. Por outro lado, houve crescimento em segmentos como ‘fabricação de produtos de metal’ e ‘fabricação de produtos químicos’.

O setor de Infraestrutura também apresentou retração, com queda de 5% no faturamento médio real das PMEs em março. A alta dos juros e a redução na confiança impactaram negativamente atividades da construção civil, como ‘construção de edifícios’ (-29,7%) e ‘serviços especializados para construção’ (-14,4%).

Renda das famílias

Apesar do cenário macroeconômico adverso, Beraldi aponta a continuidade do crescimento da renda das famílias como um fator de sustentação para a economia brasileira. “Mesmo com grandes desafios macroeconômicos no radar, o cenário básico para a economia brasileira não sugere uma interrupção total do crescimento. O principal fator que sustenta essa perspectiva é a continuidade no crescimento da renda das famílias brasileiras, em grande parte devido ao avanço dos rendimentos reais do trabalho nos últimos meses”, afirmou.

Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2025, o rendimento médio real do trabalho cresceu 4,4%, ficando 7,8% acima da média de 2019, período pré-pandemia.

Imagem: Freepik

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