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Foodservice em foco: avanços e desafios no primeiro trimestre de 2024

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A alimentação fora do lar viu uma retomada nos gastos no primeiro trimestre deste ano, conforme indicado pela pesquisa CREST, conduzida pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB) em colaboração com a Mosaiclab. O setor atingiu a marca de R$ 49,7 bilhões, representando aumento de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se do melhor desempenho desde 2020. No entanto, presenciou também nova queda no tráfego, que registrou retração de 2%, totalizando 2,5 bilhões de visitas. Ainda que seja a menor diminuição nos últimos 12 meses, continua como aspecto alarmante.

Outro destaque nesse período foi o aumento do ticket médio, que alcançou o seu nível mais alto na história do setor no primeiro trimestre de 2024, atingindo R$ 19,92 – crescimento de 3% em comparação com o mesmo período de 2023. Essa alta, embora possa parecer positiva à primeira vista, apresenta um desafio significativo para o segmento. Afinal, um ticket médio mais alto pode tornar as refeições fora de casa menos atrativas para os consumidores, levando-os a buscar alternativas mais econômicas e impactando o potencial de crescimento do foodservice.

Já a penetração, que mede quantas pessoas realmente consomem refeições fora de casa, atingiu um patamar de 22% no primeiro trimestre de 2024, mas ainda permanece abaixo do mesmo período de 2023, refletindo o tráfego fraco. No segmento de fast food, apenas empratados e não empratados viram aumento no volume de visitas, enquanto outras áreas registraram quedas. O Low Check também cresceu depois de ficar muitos anos estacionado, chegando a 314 milhões de transações; e a conveniência seguiu o ritmo de alta, atingindo 83 milhões de transações.

O consumo no local apresentou crescimento significativo neste trimestre (7%), contrastando com a queda no serviço de delivery (-2%) e em refeições para viagem (-12%). Esse padrão sugere que ainda há mercados a serem explorados. E apesar da alta no on premise, vale lembrar que a pandemia moldou novos hábitos de consumo e o setor precisa se adaptar continuamente para atrair os consumidores de volta às suas instalações físicas.

Queda na classe B é mais intensa

No que diz respeito aos diferentes patamares sociais, observa-se queda nas transações nas classes B (-8%) e CDE (-1%), indicando que a renda disponível continua a ser um fator importante na decisão de consumo. Por outro lado, a classe A registrou aumento expressivo (45%), destacando a disparidade econômica dentro do país. O levantamento também enaltece que o Brasil ainda é um país de baixa renda, sendo que metade da população tem penetração inexpressiva no consumo do setor, e o rendimento médio real cresceu de forma pouco significativa nos últimos 12 anos.

Preços impactam

O aumento dos preços também é uma preocupação crescente. O ticket médio tem subido consistentemente nos últimos quatro anos, e o gasto por item também está em alta, mesmo com um consumo menor. Ainda segundo a Tomorrow’s Consumer 2023, estudo também elaborado pela Mosaiclab, a restrição orçamentária impacta diretamente a decisão de consumir em bares e restaurantes para a maioria dos consumidores entrevistados (66%).

Diante disso tudo, embora haja sinais encorajadores de crescimento no foodservice, como o aumento no gasto total, é crucial abordar os desafios persistentes, como a queda no tráfego e a alta dos preços. Portanto, o setor deve seguir adotando estratégias inovadoras contínuas para atrair os consumidores e garantir a sustentabilidade em longo prazo.

Imagem: Envato



*Danielle Garry
é presidente do Instituto Foodservice Brasil, ecossistema que representa a união da cadeia de valor, com fabricantes, prestadores de serviços e operadores de estabelecimentos, que juntos buscam soluções para temas que impactam o mercado de alimentação fora do lar.