Economia
Trump anuncia pausa em tarifas para países, exceto China, que terá aumento para 125%

Na tarde desta quarta-feira (9), Donald Trump anunciou a suspensão por 90 dias do programa de tarifas recíprocas para países, com exceção da China. Durante esse período, as tarifas de importação para os demais países serão reduzidas para 10%.
No caso da China, Trump informou que as tarifas norte-americanas passarão a ser de 125%, com efeito imediato. A medida foi anunciada por meio da rede social Truth Social, em resposta às retaliações comerciais anunciadas por Pequim no início da semana.
“Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato”, escreveu o presidente. Ele também declarou que, “em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”.
Ainda segundo a publicação, a redução temporária das tarifas impostas a outros países será válida por 90 dias e foi classificada por Trump como uma “pausa” no tarifaço anunciado na semana anterior, o que havia contribuído para o aumento das tensões na guerra comercial global.
No Brasil, o mercado financeiro reagiu de forma imediata ao anúncio. O dólar registrou queda e está cotado a R$ 5,91. Já o Ibovespa subiu mais de 3% e passou de 122 mil para 127 mil pontos.
Mais cedo, a China voltou a responder às políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentando as tarifas sobre importações americanas para mais de 80%.
De acordo com uma tradução do comunicado do Escritório da Comissão de Tarifas do Conselho de Estado, as tarifas sobre produtos dos EUA que entram na China subirão de 34% para 84% a partir de 10 de abril. A medida é uma resposta ao mais recente aumento de tarifas aplicado pelos EUA sobre produtos chineses, que ultrapassou os 100% e entrou em vigor à meia-noite.
Essa escalada de retaliações tarifárias ameaça prejudicar gravemente o comércio entre as duas maiores economias do mundo. Segundo o Escritório do Representante de Comércio dos EUA, o país exportou US$ 143,5 bilhões em produtos para a China em 2024, enquanto importou US$ 438,9 bilhões em mercadorias chinesas.
Na semana passada, o governo Trump anunciou uma nova e abrangente política tarifária, alertando outros países a não retaliar. Algumas nações, como o Japão, demonstraram disposição para negociar, mas a China adotou uma postura mais rígida, respondendo rapidamente com novas tarifas.
Após a resposta inicial da China ao pacote tarifário anunciado em 2 de abril, Trump anunciou um aumento adicional de 50%, elevando o total das tarifas sobre produtos chineses para 104%.
“É lamentável que os chineses realmente não queiram vir negociar, porque eles são os piores infratores do sistema comercial internacional”, declarou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, à Fox Business na quarta-feira, após o anúncio da nova tarifa chinesa. “Eles têm a economia mais desequilibrada da história do mundo moderno, e posso garantir que essa escalada é uma derrota para eles.”
Antes mesmo da implementação total da nova política comercial em abril, os EUA já haviam imposto novas tarifas à China. A China, junto com Canadá e México, foi alvo dessas medidas no início do segundo mandato de Trump, como parte de uma alegada tentativa do governo de conter a entrada de fentanil nos EUA.
A guerra comercial tem assustado investidores ao redor do mundo, ao aumentar as chances de um crescimento econômico mais lento, inflação mais alta e queda nos lucros corporativos, desencadeando uma forte onda de vendas em abril.
O índice S&P 500 encerrou a terça-feira com uma queda de quase 20% em relação ao seu pico, colocando o principal índice de ações de grandes empresas dos EUA em um mercado de baixa (bear market). O índice Kospi da Coreia do Sul também entrou em bear market na quarta-feira. As ações em Xangai e Hong Kong registraram quedas acentuadas desde o anúncio das tarifas americanas em 2 de abril. No Brasil, o dólar abriu com alta de 1,5%, chegando a R$ 6,07.
Imagem: Envato
Informações: Jesse Pound para CNBC
Tradução livre: Central do Varejo