IA no Trade Marketing

Dias atrás, escutei de um executivo que eles já haviam adotado IA na empresa.

Neste momento me veio a mente dois pensamentos: o primeiro era associado a uma admiração pela atitude empreendedora e pela clareza de como tratar a IA no seu negócio. O segundo a certeza que no dia seguinte da empresa ter implementado IA, ela já estaria defasada em relação ao que a IA pode fazer pelo negócio.

Mais do que tecnologias, estamos falando de um movimento em constante evolução que afetará todos os elementos do ecossistema de negócios. Gosto de comparar com a aparecimento da internet e as tecnologias wi-fi. Essas tecnologias levaram o homem a modificar ou criar dispositivos, novas formas de se conectar, de trabalhar e de viver. As impressoras passaram a funcionar sem fios, os celulares passaram a ser instrumento de interação humana, os sistemas de gestão foram para a nuvem e pedir um taxi não mais exigiu estarmos na rua acenando para um carro.

Estamos vivendo os primeiros anos dessa Inteligência Digital, onde há uma longa estrada de avanços e transformações, novos dispositivos serão integrados ao dia a dia do ser humano, automatizando ainda mais os processos e cada vez mais agregando inteligência de fato. Nessa linha, novos sensores serão criados, a indústria robótica aparecendo como uma grande promessa, a conexão entre o físico e o digital se estreitando e como nos relacionamos com o nosso redor se transformando.

No caso do Trade Marketing isso não será diferente.  Hoje a Inteligência Artificial já está transformando o Trade Marketing em várias frentes práticas. A incorporação de IA no Trade Marketing irá proporcionar um diferencial competitivo aos negócios, em cada uma das etapas do Trade, por exemplo:

Planejamento e Estratégia

• Previsão de demanda: modelos de IA analisam históricos de vendas, sazonalidade e fatores externos (clima, feriados, promoções da concorrência) para prever volumes de compra com maior precisão.
• Otimização de sortimento: algoritmos recomendam quais SKUs devem estar em cada ponto de venda de acordo com perfil de consumidor e região.
• Precificação dinâmica: ajuste automático de preços conforme comportamento do mercado e margem desejada.

Execução no Ponto de Venda

• Planogramas inteligentes: softwares com visão computacional verificam se os produtos estão corretamente expostos na gôndola, conforme o planograma, usando fotos tiradas por promotores.
• Gestão de estoque em tempo real: sensores e IA monitoram rupturas e sugerem reposição imediata.
• Promotores digitais: apps com IA apoiam promotores indicando quais lojas visitar primeiro e quais atividades são prioritárias.

Monitoramento e Análise

• Reconhecimento de imagem: câmeras ou celulares capturam gôndolas e identificam share de exposição, preços e presença de materiais promocionais.
• Dashboards preditivos: em vez de relatórios estáticos, a IA aponta tendências futuras e sugere ações preventivas.
• Sentimento do consumidor: análise de redes sociais e reviews para medir percepção de campanhas de trade.

Além disso, melhorias na customização das soluções e aumento da experiência do shopper na sua jornada de compra através de:

Relacionamento e Personalização

• Promoções personalizadas: integração entre CRM e IA gera ofertas customizadas para cada shopper, até no momento da compra.
• Chatbots em PDV digital: atendem consumidores em aplicativos ou quiosques, recomendando produtos e respondendo dúvidas.
• Geolocalização: envio de promoções no celular quando o cliente está próximo ao ponto de venda.

Inovação e Experiência

• Realidade aumentada com IA: ativações no PDV mais imersivas e ajustadas ao perfil do shopper.
• Simulações de campanhas: a IA testa virtualmente diferentes cenários antes de implementar uma ação de trade no mercado.
• Automação criativa: geração de materiais promocionais (banners, layouts de gôndola) de forma rápida e personalizada.

Essas adequações dependem de uma gestão orientada a como introduzir a IA nos processos da empresa, nos times envolvidos e na relação com seus parceiros. Todas essas mudanças já são possíveis com a IA disponível hoje, que é mais limitada (Narrow). Com o passar do tempo e a consolidação da AGI (Artificial General Intelligence) e ainda mais para frente da IA Superinteligente teremos mais avanços nas relações humanas onde a robótica será uma realidade. Mais esse é um assunto para outro artigo.

Hoje, podemos afirmar que a IA no Trade Marketing já é uma realidade, onde é possível planejar, executar, monitorar e personalizar o Trade Marketing, reduzindo custos, aumentando precisão e melhorando a experiência do shopper.

(*) Regis Duarte. Membro do Comitê de Trade Marketing da AMPRO, executivo de marketing com mais de 25 anos de experiência em agências, na indústria e consultorias de marketing. Precursor de agências de Trade e Shopper Marketing na América Latina, é responsável pela gestão de campanhas para marcas líderes em diferentes segmentos e países. Com passagens em agências como Ogilvy e Saatchi, hoje atua como vice-presidente sênior da Creata Americas, onde é responsável pelas operações em Chicago, Cidade do Mexico, Buenos Aires e São Paulo, entregando resultados inovadores e mensuráveis para clientes, como Coca-Cola, McDonald’s, Kellogg’s, Mars, entre outras. Siga o autor no Linkedin.