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Kraft Heinz vai se dividir em duas empresas, 10 anos após fusão

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A Kraft Heinz será dividida em duas empresas, desfazendo boa parte da fusão de US$ 46 bilhões realizada há uma década, que havia criado uma das maiores companhias de alimentos do mundo.

A primeira das duas novas empresas, ainda sem nome definido, ficará responsável principalmente por alimentos não perecíveis e abrigará marcas como Heinz e Philadelphia. Segundo a Kraft Heinz, essa nova empresa teria, sozinha, um faturamento líquido de US$ 15,4 bilhões em 2024, sendo aproximadamente 75% dessas receitas provenientes de molhos, pastas e temperos.

A segunda empresa será voltada a “itens básicos em larga escala da América do Norte”, incluindo marcas como Oscar Mayer, Kraft Singles e Lunchables. Esta unidade deverá registrar cerca de US$ 10,4 bilhões em vendas líquidas em 2024.

“As marcas da Kraft Heinz são icônicas e queridas, mas a complexidade da nossa estrutura atual dificulta a alocação eficiente de capital, a priorização de iniciativas e o crescimento nas áreas mais promissoras”, afirmou Miguel Patricio, presidente do conselho da Kraft Heinz. “Ao nos dividirmos em duas empresas, poderemos direcionar o nível adequado de atenção e recursos para liberar o potencial de cada marca, melhorar o desempenho e gerar valor de longo prazo para os acionistas.”

A transação está prevista para ser concluída no segundo semestre de 2026.

O acordo que originou a Kraft Heinz em 2015 foi idealizado pela Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e pela gestora de private equity 3G Capital. Embora os investidores inicialmente tenham celebrado a fusão, o entusiasmo começou a diminuir com a queda nas vendas nos Estados Unidos.

Em fevereiro de 2019, veio à tona que a Kraft Heinz havia recebido uma intimação da Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos EUA) relacionada a suas políticas contábeis e controles internos. A empresa também reduziu seu dividendo em 36% e fez uma baixa contábil de US$ 15,4 bilhões sobre as marcas Kraft e Oscar Mayer, duas das mais valiosas de seu portfólio. Dias depois, Buffett afirmou à CNBC que a Berkshire Hathaway havia pagado caro demais pela Kraft.

A companhia passou por uma troca de liderança e registrou novas desvalorizações de marcas tradicionais, como Maxwell House e Velveeta. A Kraft Heinz também começou a vender algumas de suas operações, incluindo a maior parte da divisão de queijos para a francesa Lactalis e a unidade de castanhas, que incluía a marca Planters, para a Hormel.

Nos trimestres mais recentes, a empresa investiu no fortalecimento de marcas como Lunchables e Capri Sun. Apesar dos esforços de reestruturação, as ações da Kraft Heinz acumulam queda de aproximadamente 60% desde a conclusão da fusão em 2015.

O atual CEO da Kraft Heinz, Carlos Abrams-Rivera, assumirá a liderança da nova empresa focada em alimentos básicos após a separação. O conselho da Kraft Heinz contratou uma empresa de recrutamento executivo para buscar o CEO da outra companhia.

A decisão de divisão ocorre em um momento em que outras grandes empresas de alimentos também vêm promovendo cisões, com o objetivo de se desfazer de categorias de crescimento mais lento e voltar a conquistar a confiança dos investidores.

Em agosto, a Keurig Dr Pepper anunciou que pretende desfazer a fusão realizada em 2018 com a dona da 7 Up, após concluir a aquisição de US$ 18 bilhões da empresa holandesa de cafés JDE Peet’s. E há dois anos, a Kellogg separou sua divisão de snacks na empresa Kellanova, adotando o nome WK Kellogg para o restante de suas operações.

Imagem: Reprodução
Informações: Amelia Lucas para CNBC
Tradução livre: Central do Varejo

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