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Lojas de roupas e de departamentos são as mais afetadas pela política comercial dos EUA

Varejistas e marcas norte-americanas de roupas, calçados e lojas de departamento enfrentam um cenário desafiador devido à política comercial dos Estados Unidos, fortemente baseada em tarifas.
À medida que liquidam os estoques adquiridos no início do ano, as tarifas de importação devem reduzir a lucratividade desses negócios. Com pouca margem para aumentar os preços, a receita deve crescer, no máximo, 3%, segundo um relatório recente da Moody’s Ratings. Os analistas liderados pela vice-presidente sênior Christina Boni atribuem uma perspectiva negativa ao setor, afirmando que “o ambiente de consumo continua difícil”.
Esses varejistas são “os mais expostos às tarifas atuais e vulneráveis a novos aumentos”, disse Boni.
Até agora, em 2025, as lojas de departamento registraram queda nas vendas ano a ano em todos os meses, exceto janeiro, embora varejistas de roupas tenham apresentado crescimento na maioria dos meses, de acordo com dados do Departamento de Comércio dos EUA. Segundo a Moody’s, empresas de valor agregado, como o Walmart — que “deve se destacar especialmente, graças à sua escala e significativa atuação no setor de alimentos” — e redes de desconto têm vantagem competitiva. “Em contraste, o desempenho operacional da Target será fraco, em parte devido à sua maior participação em vendas de mercadorias gerais discricionárias”, afirmam os analistas.
Anteriormente, a Moody’s Ratings previa uma queda no EBIT do setor (excluindo o comércio eletrônico) superior a 10% nos próximos 12 meses. Com o adiamento das tarifas recíprocas para 1º de agosto, essa estimativa foi reduzida consideravelmente, para uma queda entre 3% e 5%. No entanto, as expectativas de crescimento da receita não mudaram, pois a demanda fraca dificulta repassar os custos mais altos ao consumidor por meio de aumentos de preços. Além disso, se houver novos agravamentos nas tarifas, as previsões de EBIT também seriam impactadas, afirmou por e-mail Mickey Chadha, vice-presidente de finanças corporativas da Moody’s Ratings e coautor do relatório.
A precificação tem se mostrado um desafio para os varejistas, em parte porque os consumidores já iniciaram o ano mais seletivos em relação aos gastos discricionários antes mesmo da retomada das tarifas pela administração Trump. Alguns varejistas que utilizam o método de inventário do varejo em sua contabilidade estão enfrentando variações de margem que dificultam avaliar com precisão o impacto das tarifas sobre o desempenho.
Segundo a Moody’s, além das tarifas, há outros fatores macroeconômicos pressionando o varejo, inclusive fora do setor de roupas. Isso inclui as altas taxas de juros, “que também impactam negativamente compras discricionárias de maior valor e relacionadas à habitação”, disse Boni. Os analistas apontam um desaquecimento no emprego nos EUA e preveem que a taxa de desemprego atinja 4,3% até o fim deste ano e 4,5% em 2026.
Imagem: Retail Dive
Informações: Daphne Howland para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo