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Lojas de US$ 1 aproveitam o momento enquanto consumidores americanos apertam o cinto

Nos Estados Unidos, as lojas de US$ 1 conquistaram uma ampla gama de consumidores nos últimos meses, à medida que muitos tentaram economizar diante de tarifas de importação agressivas.
Dollar General, Dollar Tree e Five Below divulgaram nesta semana resultados de vendas que superaram as expectativas dos analistas. Os resultados das três redes refletem o impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump (conhecidas como tarifas do “Dia da Libertação”) sobre diversos países, incluindo a China. Muitas dessas tarifas foram posteriormente suspensas ou reduzidas.
Essas empresas importam uma grande quantidade de produtos da China, onde as tarifas chegaram a até 145%, mas, mesmo assim, conseguiram manter os preços relativamente baixos até agora.
Essa estratégia parece ter incentivado os consumidores a recorrerem às lojas de US$ 1 como forma de escapar dos preços altos em outros lugares.
“No cenário atual, nossos preços baixos e embalagens menores são ideais para famílias que tentam administrar um orçamento doméstico apertado”, disse o CEO da Dollar Tree, Michael Creedon, durante uma teleconferência de resultados nesta semana.
As redes também têm atraído mais consumidores com renda superior a seis dígitos, já que até mesmo compradores mais abastados estão buscando formas de economizar (e ganhar tempo).
Lojas de US$ 1 tradicionalmente registram aumento nas vendas em tempos econômicos difíceis — o que certamente pode ser um fator aqui — mas essas redes também vêm investindo em melhorias nas lojas, manutenção de estoques e atendimento ao cliente.
O esforço de entregas da Dollar General tem ajudado a atrair um grupo “novo e diverso” de consumidores, disse o CEO Todd Vasos.
A concorrente Dollar Tree também informou ter recebido mais visitantes com renda familiar acima de US$ 100 mil no último trimestre. “Queremos encantá-los, superar suas expectativas e criar uma relação duradoura com eles”, afirmou Creedon.
Um início promissor para um ano desafiador para as lojas de US$ 1
Manter esse fluxo de clientes, no entanto, pode ser um desafio para as redes, à medida que os custos de importação pressionam as margens, os preços continuam afetando os consumidores e os concorrentes avançam.
Enquanto as tarifas sobre muitos produtos importados estão atualmente mais baixas do que as anunciadas em abril, os varejistas sofreram com picos de custos no curto prazo — e ainda não está claro qual será a direção futura das tarifas.
A Dollar Tree afirmou que seus custos subiram US$ 70 milhões quando as tarifas sobre importações da China chegaram a 145%. A empresa alertou que esses custos podem cortar pela metade o lucro por ação no próximo trimestre.
A Five Below conseguiu evitar parte do impacto ao interromper temporariamente as importações da China no pico das tarifas, retomando os embarques quando os encargos caíram para 30%. A rede — cujo nome faz referência a produtos que custam até US$ 5 — também declarou ter reduzido em 10 pontos percentuais a participação de produtos importados da China, que agora representa cerca da metade do total.
A dependência de produtos chineses ainda pode ser um problema se as tarifas voltarem a subir. A suspensão de 90 dias imposta por Trump sobre as tarifas mais altas está prevista para expirar em meados de agosto.
“Nosso maior receio continua sendo a exposição da empresa à China”, escreveu o analista Phillip Blee, da William Blair, em nota de pesquisa após a divulgação de resultados da Five Below.
Essas redes também enfrentam concorrência crescente da Amazon e do Walmart, que estão expandindo seus serviços de entrega em mercados menores.
Por ora, a tempestade tarifária e a incerteza geral — que inicialmente pareciam ameaçar o modelo de negócios dependente de importações das lojas de US$ 1 — estão ajudando a impulsionar as vendas e o tráfego.
“Temos um enorme potencial pela frente, com muito espaço em branco no mercado, e estamos avançando com melhorias na execução”, disse a CEO da Five Below, Winnie Park, na quarta-feira.
Imagem: Daphne Howland/Retail Dive
Informações: Alex Bitter e Dominick Reuter para Business Insider
Tradução livre: Central do Varejo