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Comportamento

Moda de second hand é tendência em ascensão em todo o mundo

Economia de água, reciclagem de tecido e preços mais baixos estão entre principais fatores que favorecem o mercado de second hand

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Se você é preocupado com o meio-ambiente, ou faz parte da geração Z, você provavelmente já preferiu comprar uma peça de roupa por causa da sustentabilidade. E isso não é nada exclusivo. Em 2019, o mercado de moda de segunda mão cresceu 21 vezes mais que o mercado de moda normal. Mais recententemente, o setor de second hand cresceu sete vezes mais que os outros setores de moda nos Estados Unidos, entre 2022 e 2023.

São diversos os fatores envolvidos com a preferência pelo second hand. Para produzir uma única peça de jeans, são necessários 5,2 mil litros de água ao longo de todo o processo. Além disso, o mercado da moda é responsável pela emissão de 8% dos gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global. Um estudo divulgado pelo jornal The Telegraph revela também que, entre as mulheres, uma peça de roupa é usada em média sete vezes. Outro ponto importante é que a indústria da moda produz, em média, 92 milhões de toneladas de lixo por ano, o que representa 4% de todo o lixo produzido anualmente no mundo.

Também, o poliéster, um dos tecidos mais comuns e baratos para se produzir roupas no mundo, é feito de plástico, a partir do petróleo. O descarte desse produto espalha microplástico pelos oceanos, contaminando as águas e os animais. Além disso, esse material pode demorar milhares de anos para se decompor. E tudo isso é ainda mais acentuado pela cultura do fast fashion.

Ou seja, a pegada ambiental de consumir roupas novas a todo momento é gigante, e a moda de second hand surge como uma alternativa para esse problema. Por meio dos brechós, alarga-se a vida útil das peças de roupa, gera-se renda para mais pessoas, e torna-se mais acessível renovar o guarda-roupas. Com isso, a produção de lixo têxtil diminui, assim como o gasto energético para produzir peças novas pela indústria da moda a longo prazo.

De acordo com uma pesquisa da OLX, 80% das pessoas da geração Z já compraram produtos usados, e 83% deles já vendeu produtos de second hand. A mesma pesquisa revela uma tendência crescente da relação de preferência de compra com sustentabilidade. Outra pesquisa da GlobalData revela que 7 em cada 10 consumidores optam pelo second hand para economizar.

E a tendência é de que a moda de second hand continue crescendo, até o ponto de ultrapassar o fast fashion até 2030, segundo o Boston Consulting Group (BCG). De acordo com um levantamento do Sebrae, desde 2021, quase 7 mil lojas voltadas para o mercado de segunda mão foram abertas no Brasil. No mundo, o cenário segue o mesmo ritmo: 1 a cada 4 consumidores agora compram produtos de second hand.

O Peça Rara Brechó é uma das maiores redes de brechós do Brasil, e surgiu há 17 anos em Brasília. Hoje, a marca é franqueadora, e tem mais de 40 unidades em quase todos os estados do País. Agora, o próximo passo da empresa é lançar o modelo de microfranquia, chamado provisoriamente de Peça Rara Pocket, com investimento menor e para cidades pequenas. “Nós estamos com muita demanda em cidades pequenas, que às vezes querem aderir ao Peça Rara, mas não têm o número de habitantes”, disse Bruna Vasconi, sócia e fundadora do Peça Rara Brechó, em entrevista exclusiva à Central do Varejo. A marca se orgulha de já ter contribuído para a economia de 12 milhões de litros de água.

O Casa Mundo Brechó, inaugurado recentemente em São Paulo, faz parte dessa onda de aderência às roupas e objetos de segunda mão no Brasil e no mundo. Após viajar pela Europa e consumir muito de brechós, Lara Rossetti, fundadora da marca, usou sua experiência pessoal e preocupação ambiental e social para abrir seu próprio brechó. A marca busca compreender as diversidades, e vende itens de decoração, livros, móveis, acessórios, além de roupas femininas, masculinas e infantis. O Casa Mundo também contempla uma tendência em brechós, que é a abertura do espaço da loja para manifestações culturais.

Imagem: Casa Mundo Brechó em São Paulo / Bianca Murotani.