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Neurodivergência: a vantagem competitiva inexplorada pelas empresas

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Neurodivergência refere-se a variações naturais nas estruturas e funções cerebrais, que não são adquiridas, mas presentes desde o nascimento.

Na sessão “Creativity is not normal”, Kim Laurie, Head of Innovation na Beyond, partilhou que, há 5 anos, revelou o seu diagnóstico de autismo e PHDA, desafiando a crença de que neurodivergentes não podem ocupar cargos de alta liderança. E argumentou que a neurodivergência é a maior vantagem competitiva não explorada nas empresas.

Tipos de neurodivergência e habilidades associadas: 

  • Autismo: destacam-se no reconhecimento de padrões e têm maior sensibilidade sensorial;
  • PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção): possuem hiperfoco em gerar múltiplas soluções para o mesmo problema e capacidade criativa;
  • Dislexia: oferecem pensamento visual e soluções não lineares, pois antecipam conexões não lineares (Ex.: “E se A e B forem a mesma coisa? ”E se virar ao contrário?”).

Longe de ser uma limitação, Kim referiu que estas diferenças representam uma fonte poderosa de inovação e criatividade. Empresas que adaptam ambientes para neurodivergentes registam até 190% mais produtividade comparada com equipas neurotípicas e a retenção de talentos neurodivergentes pode ser 30% maior.

Neste contexto, a IA surge como aliada, ajudando a reduzir desafios específicos: ferramentas que reformulam e-mails para autistas, corrigem textos para disléxicos ou organizam ideias para quem tem PHDA. Quando bem aplicada, a tecnologia não substitui, mas complementa as capacidades humanas.

No entanto, o mundo corporativo ainda enfrenta barreiras significativas para incluir estes talentos, desde estigmas em processos de recrutamento até ambientes pouco adaptados.

Grandes empresas já têm investimentos elevados para mudar este cenário, mas é preciso ir mais longe, como criar políticas inclusivas, reduzir o “masking” (termo usado para descrever quando uma pessoa neurodivergente esconde ou disfarça características naturais para parecer neurotípica e encaixar-se nas normas pré-estabelecidas) e formar equipas de recrutamento para reconhecer valor além dos padrões sociais.

No setor criativo e tecnológico, metade dos profissionais é neurodivergente, mas muitos recebem diagnóstico tardio, especialmente mulheres, o que agrava riscos de saúde mental. A urgência é clara: inclusão não é apenas justiça social, é estratégia de negócio. 

Kim fechou a sessão com um lema essencial: “Inovação não é normal. Evolução não repete caminhos. Criatividade não é normal.”

Leia a parte 1: Web Summit Lisboa: insights dos palcos Marketing e Creative Summit


*Elisabete Galiano é formada em Gestão e conta com mais de 18 anos de experiência em Marketing no setor de FMCG (Fast Moving Consumer Goods). É Head of Strategic Plant Based Food Category na Sumol Compal, empresa líder no mercado de bebidas não alcoólicas em Portugal. Reside em Lisboa e tem um interesse especial por marcas, inovação e tendências.

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