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O desafio da segunda unidade no Foodservice

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Indo em feiras pelos últimos 20 anos, especialmente as internacionais, vejo com frequência um tema recorrente: como não falhar na abertura e funcionamento da segunda unidade (essencialmente isto, com muita “variedade” nos títulos).

Decidi então compartilhar um pouco, de forma o mais sucinta possível (há muitas variáveis) do que pude acompanhar no Mercado e nas referidas palestras:

Você está indo bem na sua operação; o ambiente, o produto e o serviço compõem um conceito vencedor; está obtendo um lucro considerável, mas… seu espaço, sua produção ou mesmo sua veia empreendedora o conduz a expansão do negócio.

Ah, os canais de venda também estão perto do limite (delivery, take away e salão, ou o que mais tive), daí você decide: é hora de expandir e planeja uma nova unidade.

Você já fez a lição de casa: padronizou processos, tem fornecedores homologados/aprovados, utiliza um bom sistema de controle, tem treinamento desenvolvido para as equipes de trabalho e gente para apoiar o seu intento.

Faz estudos da origem/perfil de seus clientes, realiza pesquisas de geomarketing, contrata consultoria, procura e escolhe o novo local e considera que tem orçamento para o investimento a ser feito e considera o tempo de retorno deste investimento viável.

E considera que neste novo estabelecimento vai evitar erros cometidos ou incrementar alguma mudança que considera positiva, e ainda seria o primeiro passo para franquear sua marca.

Supondo que este caminho tenha sido percorrido (o que é meio raro, mais por minha vivência), quais seriam as ações principais para ter sucesso na 2ª operação?

Vou arriscar 10 passos:

Gestão de pessoas:

Encontrar e treinar equipes qualificadas para a nova unidade, mantendo o mesmo nível de serviço e atendimento da unidade original pode ser complexo. Formar um time vencedor provavelmente é um dos maiores desafios em um “start” de operação.

Padronização da qualidade:

Garantir que a segunda unidade ofereça a mesma experiência gastronômica e padrão de qualidade da primeira é um desafio constante. Isso inclui o uso de ingredientes aprovados/homologados, receitas e processos consistentes, mas principalmente equipes bem treinadas e supervisão.

Duplicação de processos:

Normalmente não é necessário uma central de produção/distribuição (há variáveis), mas se puder evitar a duplicação de processos desnecessários e otimizar as operações para garantir a eficiência e a rentabilidade de ambas as unidades, você pode ter um ganho razoável. 

Logística e fornecedores:

A gestão da cadeia de suprimentos e a garantia de entregas pontuais e eficientes em ambos os estabelecimentos podem ser desafiadoras, especialmente com o aumento da demanda e custos.

Controle:

Investir em tecnologia que otimize a gestão, o atendimento e a comunicação com os clientes em ambas as unidades é urgente para expansão.

Custos e riscos:

A abertura de uma nova unidade envolve altos custos e riscos financeiros, e é importante ter um bom planejamento e controle financeiro para evitar problemas. Misturar os caixas das duas unidades geralmente é uma péssima ideia

Manutenção da identidade da marca/ Plano de marketing:

A segunda unidade deve transmitir a mesma identidade visual, valores e posicionamento da marca original, mantendo a conexão com os clientes. Às vezes a comparação entre as operações pelos clientes podem te levar ao céu ou ao inferno. É importante elaborar um bom plano de Marketing para apoio de diversas ações.

Experiéncia do cliente:

Garantir que a experiência do cliente seja consistente e positiva em ambas as unidades, desde o atendimento até a qualidade da comida e ambiente parece simples. No entanto são outros funcionários, outros clientes e não terá o “olho do dono que engorda o gado” todo o tempo.

Acompanhamento e avaliação:

Monitorar o desempenho de ambas as unidades, coletar feedback dos clientes e fazer ajustes necessários são primordiais para garantir a satisfação e o sucesso do negócio. É importante incentivar os clientes a darem sua opinião/visão com a ajuda de um plano de marketing.

Adaptação cultural:

A segunda unidade precisa eventualmente se adaptar ao novo contexto local, seja em relação aos hábitos de consumo, preferências ou cultura da região, sem perder a essência da marca.

Sempre haverá riscos no empreender, mas a mitigação destes riscos começa com informação, conhecimento, planejamento e foco.

Imagem: Envato


*Marco Amatti, químico com especialização em alimentos; graduado em Filosofia e Administrador de Restaurantes Comerciais e de Coletividades. Marido da Adriana e pai do Jorge. Com mais de 40 anos de experiência no Foodservice passando por praticamente todas as funções operacionais, táticas e estratégicas de várias empresas do setor. Fundador-diretor em 2004 da MAPA Negócios em Alimentação, que já atendeu aproximadamente 400 clientes. Membro profissional do FCSI (Foodservice Consultants Society International); Diretor da FCSIEF (Educational Foudation do FCSI); Consultor técnico e Ex- Diretor Executivo da Abrasel SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Fundador da ESBRE (Escola de Bares e Restaurantes da Abrasel) e Ex – Coordenador do CONSEA SP (Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável); ministrante de aulas no SENAC, HOTEC, São Camilo, Fatecs entre outras. Embaixador da Fispal, palestrante em praticamente todas as feiras nacionais do Foodservice (Fispal, Anuga, Equipotel, APAS, etc.) e autor de artigos para diversas revistas e sites da área.

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