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O impacto do ESG no franchising e a transformação das redes de franquia

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imagem representando o conceito de ESG

Diante da urgência de abordar desafios relacionados ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança o conceito de ESG — sigla para Environmental, Social, and Governance (“Ambiental, Social e Governança”, em português) — surgiu como uma resposta a essas demandas. A sigla ESG surge em 2005, através do relatório “Who Care Wins”, publicado pela ONU, que visava incentivar as empresas a adotarem práticas ambientais, sociais e de governança mais sustentáveis e éticas.

Desde sua publicação as empresas passaram adotar tais práticas como elementos essenciais para sua estratégica de negócio dado que o ESG representa um compromisso com condutas que impactam positivamente na sociedade, no meio ambiente e em governanças corporativas através da ética e transparência.

No setor de franquias esse princípio também é muito relevante, uma vez que para Franqueadoras, integrar princípios de ESG representa uma oportunidade de fortalecer a rede, mitigar riscos e atender às demandas crescentes de consumidores e investidores. Ademais, ao adotarem práticas relacionadas a questões ambientais, sociais e de sustentabilidade financeira demonstram solidez e perenidade.

Propondo-se a assumirem esse compromisso, as empresas passaram a definir uma agenda de ESG, composta por critérios, relacionados à sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança transparente, que consiste em um conjunto de objetivos e ações que delineiam como a empresa abordará estas questões. No Franchising os três pilares são fundamentais, no aspecto ambiental, as Franqueadoras podem implementar, por exemplo, medidas que minimizem o impacto ambiental das operações de suas redes, através de uso de tecnologias mais eficientes para redução de consumo de energia nas unidades Franqueadas, incentivo à reciclagem. No pilar social, sua responsabilidade abrange iniciativas que promovem o bem estar dos Franqueados, colaboradores e comunidades, como programas de treinamento voltados para inclusão e diversidade, além do estímulo a participações em projetos sociais nas comunidades em que atuam. Por fim, no pilar da governança corporativa, é essencial garantir operações éticas e transparentes por meio de comunicação clara e acessível, bem como da implementação de códigos de conduta e políticas de antissuborno, por exemplo.

A implementação da agenda ESG gera benefícios expressivos, as empresas que adotam tais práticas consolidam uma reputação e uma imagem positiva, capaz de atrair maior número de consumidores engajados, conforme comprova estudo realizado pela agencia norte-americana Union + Webster e divulgado pela Federação das Industrias do Estado do Paraná (FIEP) que revelou que 87% da população brasileira prefere consumir produtos e serviços de empresas que apresentam um posicionamento sustentável.

Não obstante, segundo relatório da PwC, as pautas ESG estão entre as cinco prioridades dos investidores brasileiros, sendo a governança corporativa considerada a mais importante, com 54% dos investidores dando prioridade a esse aspecto. Além disso implementação de medidas relacionadas à governança corporativa desempenha um papel primordial na redução de riscos. Ao estabelecer controles internos e eficazes, garantir a conformidade com leis e regulamentações, promovendo a transparência as redes podem minimizar a exposição a fraudes e desvios corporativos.

As dinâmicas de consumo estão em constante evolução, e o consumidor valoriza cada vez mais práticas sustentáveis, o uso consciente de recursos, a diversidade e a inclusão. A ausência de diretrizes ESG pode gerar insatisfação entre clientes e colaboradores, além de comprometer a reputação da empresa e sua marca. Integrar essas práticas às operações e estratégias empresariais permite atender às expectativas do mercado, gerar valor a longo prazo e fortalecer a fidelização dos consumidores.

A incorporação dos princípios ESG no franchising não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para as Franqueadoras que buscam solidez, competitividade e relevância no mercado. À medida que consumidores, investidores e órgãos reguladores tornam-se mais exigentes quanto à sustentabilidade e governança corporativa, as empresas que adotam práticas responsáveis se destacam e conquistam maior credibilidade.

Dessa forma, investir em ESG não deve ser visto como um custo adicional, mas como um fator essencial para a sustentabilidade do negócio. Aquelas que se antecipam e implementam práticas alinhadas a esses princípios não apenas atendem às expectativas do mercado, mas se posicionam como protagonistas em mercados de alta concorrência.

 

Imagem: Envato




(*) Julia Quiroga Cotarelli. 
Formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Advogada atuante na área de direito contratual com especialidade em Direito Desportivo.

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