Comportamento
Por que os ricos adoram o “roubo digital”?
Os americanos mais abastados são mais propensos a fraudar comerciantes online do que os mais pobres – e o fazem em grande escala. De acordo com uma nova pesquisa da empresa de tecnologia antifraude Socure, 55% da Geração Z e 49% dos Millennials que ganham mais de US$ 100.000 por ano admitiram ter cometido um roubo digital no último ano.
Por que isso importa
A fraude de primeira parte (quando o próprio consumidor pratica o golpe) tornou-se tão socialmente aceitável – especialmente entre os mais jovens – que muitos admitem abertamente em pesquisas, sem qualquer receio.
- Muitos afirmam não sentir remorso por suas ações;
- 46% dizem que enxergam esse comportamento como uma forma de “defesa do consumidor”.
O cenário geral
Roubar de lojas online é, em muitos aspectos, mais fácil do que furtar em lojas físicas. Entre as estratégias comuns estão:
- Alegar que o pacote foi roubado ou nunca chegou;
- Contestar cobranças legítimas com a administradora do cartão de crédito;
- Fingir que uma aposta esportiva perdida nunca foi feita.
E, ao que tudo indica, quanto maior a renda, maior a facilidade em cometer um roubo digital:
- 33% dos entrevistados que ganham mais de US$ 100.000 por ano afirmam já ter realizado essas práticas;
- Para efeito de comparação, apenas 18% do total de entrevistados admitiram o mesmo comportamento.
Esse roubo digital pode ser visto como o oposto do furto em lojas físicas, crime mais associado a pessoas de baixa renda. Além disso, a penalização para o fraudador online é mínima. No pior dos cenários, o comerciante pode conseguir provar a legitimidade da cobrança, e o consumidor terá que pagar – sem qualquer consequência legal.
Por que os jovens estão fazendo isso?
Kris Nagel, CEO da empresa de prevenção de fraudes digitais Sift, aponta três razões principais para esse comportamento entre os mais jovens:
- Justificativa econômica: Muitos acreditam que esse tipo de fraude é necessário ou justificável, diante do cenário econômico atual;
- Influência online: Criadores de conteúdo ensinam “truques” fraudulentos e mostram como são fáceis de executar;
- Percepção de crime sem vítimas: Como as fraudes geralmente atingem grandes varejistas, os infratores acreditam que essas empresas têm condições de cobrir os prejuízos.
Os números
- 63% dos fraudadores acreditam que grandes varejistas podem arcar com os custos das contestações fraudulentas.
O que vem por aí
Para Ori Snir, especialista da Socure, essa tendência deve continuar crescendo conforme mais pessoas aprendem essas táticas:
- “Eles ouvem que um amigo fez e se safou. Então, por que não fariam o mesmo?”
- Algumas pessoas começam cometendo a fraude acidentalmente (por erro honesto) e percebem como é fácil e lucrativo.
A atração por ganhar coisas de graça é eterna, especialmente quando tudo pode ser feito com alguns toques no celular.
Imagem: Envato
Informações: Felix Salmon para Axios
Tradução livre: Central do Varejo