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Prevenção de perdas no varejo: o que é, por que é essencial e como aplicá-la

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refrigerantes; prevenção de perdas

A prevenção de perdas é um tema cada vez mais estratégico no varejo brasileiro, especialmente em segmentos como supermercados, farmácias e atacarejos. Enquanto o varejo como um todo vem apresentando melhorias nesse indicador, com queda de 1,57% para 1,51% no índice médio de perdas entre 2023 e 2024, alguns setores caminham na direção oposta. Segundo a 8ª Pesquisa Abrappe de Prevenção de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada em parceria com a KPMG, supermercados, farmácias e atacarejos registraram aumentos significativos nas perdas no último ano, acendendo um alerta para a urgência de ações mais eficazes de controle.

Neste artigo, vamos entender o que é prevenção de perdas, quais são os principais tipos de perdas enfrentadas pelo varejo, especialmente por supermercados e farmácias, quais os benefícios de aplicar estratégias eficientes e como implementar boas práticas nesse processo.

O que é prevenção de perdas no varejo

A prevenção de perdas pode ser definida como o conjunto de ações, políticas e processos voltados a evitar que bens, produtos ou recursos da empresa sejam perdidos durante a operação. Essas perdas podem acontecer por diversos motivos, desde erros administrativos até fraudes e furtos. Quando não são controladas, impactam diretamente a rentabilidade do negócio, corroendo margens e comprometendo a sustentabilidade financeira das operações.

No varejo, onde a competitividade é alta e as margens são historicamente apertadas, qualquer percentual de perda pode representar uma diferença considerável no resultado final da empresa. Por isso, mais do que uma ação pontual, a prevenção de perdas precisa ser uma cultura institucional.

Os principais tipos de perdas no varejo

As perdas no varejo são classificadas em diferentes categorias, dependendo da origem e da natureza do problema. Em supermercados e farmácias, algumas causas se destacam, sendo o furto (tanto interno quanto externo) o fator mais crítico. De acordo com a pesquisa da Abrappe, nos supermercados, 31,19% das perdas são provocadas por furtos. Esse dado reforça a importância de medidas de segurança física e digital, além do monitoramento constante das operações.

Além do furto, outros fatores que contribuem para as perdas incluem erros operacionais, que envolvem desde falhas no cadastro de produtos até equívocos na precificação e no controle de estoque; avarias durante o transporte ou manuseio de mercadorias; produtos vencidos ou danificados em gôndola; e fraudes em processos como trocas, devoluções ou uso indevido de cupons e descontos.

No caso das farmácias, que lidam com produtos de alto valor agregado e alta rotatividade, como medicamentos controlados e dermocosméticos, as perdas se tornam ainda mais sensíveis. A pesquisa indica que esse setor teve um aumento de perdas em 38,93% em 2024, o que evidencia a fragilidade dos controles existentes e a necessidade de ações mais rigorosas.

A gravidade das perdas no varejo alimentar

Um dado especialmente preocupante do levantamento da Abrappe é o desempenho do varejo alimentar, que passou de 1,91% de perdas em 2023 para 2,39% em 2024. Esse crescimento contrasta com a média geral do varejo, que vem diminuindo suas perdas, e revela um cenário de atenção redobrada. Supermercados e atacarejos, nesse contexto, estão entre os mais afetados, com taxas alarmantes de 11,53% e 48,10%, respectivamente.

Esses números indicam que as perdas nesses estabelecimentos não são apenas inevitáveis, mas, em muitos casos, resultado de falhas estruturais e operacionais. Quanto maior o volume de mercadorias movimentado e mais ampla a variedade de itens comercializados, maior a complexidade da operação e o risco de perdas.

Por que aplicar políticas de prevenção de perdas

Adotar políticas de prevenção de perdas traz uma série de benefícios diretos e indiretos para o varejo. Em primeiro lugar, contribui para a melhoria da lucratividade, ao reduzir o desperdício e evitar que produtos sejam extraviados ou danificados. Além disso, aumenta a eficiência dos processos internos, com a padronização de rotinas e o fortalecimento do controle de estoque e da gestão operacional.

Outro ponto importante é a proteção da imagem da empresa. Um varejo que demonstra compromisso com a integridade de seus processos e a segurança de seus ativos transmite confiança ao consumidor e também aos fornecedores, gerando um ambiente de negócios mais estável e previsível.

Vale destacar ainda que a prevenção de perdas também impacta positivamente na experiência do cliente. Menos rupturas de estoque, maior qualidade dos produtos em exposição e atendimento mais ágil são reflexos de um sistema bem gerido, que evita perdas e opera de forma organizada.

Como fazer prevenção de perdas em supermercados e farmácias

A aplicação de uma política eficaz de prevenção de perdas exige uma abordagem integrada, que envolva tecnologia, treinamento e cultura organizacional. Em supermercados, por exemplo, o primeiro passo é mapear as áreas mais vulneráveis. Itens de alto valor, como bebidas alcoólicas, carnes nobres, eletrônicos e produtos de beleza devem ser monitorados com maior rigor, tanto no recebimento quanto na exposição e venda.

A instalação de sistemas de videomonitoramento, sensores eletrônicos e etiquetas antifurto ajuda a inibir ações mal-intencionadas e permite a identificação de padrões de comportamento suspeitos. No entanto, a tecnologia sozinha não resolve o problema: é preciso investir em capacitação das equipes, garantindo que todos os colaboradores compreendam a importância da prevenção de perdas e saibam como agir em situações de risco.

Nas farmácias, o controle de estoque precisa ser ainda mais minucioso, considerando a validade dos medicamentos e os requisitos legais para o armazenamento e a venda de produtos controlados. A gestão precisa garantir que os inventários estejam sempre atualizados e que haja registro adequado de entradas e saídas, evitando desvios e extravios.

Outra medida importante é a auditoria periódica de processos, incluindo a conferência de notas fiscais, análise de trocas e devoluções e testes de segurança em sistemas de pagamento e integração entre loja física e e-commerce, quando houver.

A importância da cultura de prevenção

Mais do que processos e tecnologias, a prevenção de perdas deve ser tratada como uma responsabilidade compartilhada por toda a equipe. Isso significa desenvolver uma cultura organizacional voltada para a atenção aos detalhes, a transparência e o cuidado com os recursos da empresa.

Criar essa cultura envolve comunicação interna, metas claras, reconhecimento de boas práticas e ações de conscientização permanentes. Quando os colaboradores entendem o impacto das perdas para a empresa e percebem que podem contribuir para evitá-las, o engajamento aumenta e os resultados aparecem com mais consistência.

Além disso, é fundamental que a liderança esteja envolvida e comprometida com a prevenção. Gestores precisam dar o exemplo, acompanhar indicadores, cobrar resultados e fomentar a melhoria contínua das práticas e procedimentos.

Monitoramento e análise de dados como aliados

A coleta e análise de dados é um pilar central na prevenção de perdas moderna. Com o uso de softwares de gestão, é possível identificar padrões de perda, pontos críticos na operação e oportunidades de correção antes que o problema se agrave.

Por exemplo, um supermercado pode detectar que perdas estão concentradas em um horário específico ou em determinada seção da loja, o que permite ajustes na escala de colaboradores, no posicionamento de câmeras ou na organização dos produtos. Já em farmácias, o cruzamento de dados de estoque e vendas pode indicar furtos internos ou falhas na reposição.

Ao monitorar os indicadores certos, o varejista consegue tomar decisões mais informadas e direcionar melhor os investimentos em prevenção.

Conclusão: prevenção de perdas é estratégia de sobrevivência

No cenário competitivo do varejo, reduzir perdas é tão importante quanto aumentar vendas. A prevenção de perdas deve ser entendida como uma estratégia de gestão que impacta diretamente na eficiência, na lucratividade e na reputação da empresa. Diante dos dados mais recentes da Abrappe, que apontam aumento expressivo nas perdas em supermercados, farmácias e atacarejos, é fundamental que os gestores desses segmentos adotem uma postura proativa, estruturada e contínua em relação ao tema.

Cada estabelecimento pode ter vulnerabilidades específicas, mas a lógica é universal: entender as causas, monitorar os processos, capacitar equipes e adotar tecnologias que fortaleçam o controle operacional. Só assim será possível reverter o cenário atual e transformar a prevenção de perdas em um diferencial competitivo.

Imagem: Envato

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