Economia

Sob novo regime de apuração, inflação estoura teto da meta em junho

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O Brasil ultrapassou o teto da meta de inflação pela primeira vez desde a mudança na forma de apuração dos resultados acumulados, conforme dados divulgados na quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A nova metodologia foi estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no início deste ano.

A meta central de inflação definida pelo CMN é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, o que estabelece um teto de 4,5%. A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), alcançou 5,35% em junho, permanecendo acima do teto pelo sexto mês consecutivo.

Com isso, o país registra o primeiro descumprimento formal da meta sob o novo regime contínuo. Antes da mudança, a meta era considerada estourada apenas se o índice encerrasse o mês de dezembro fora da faixa de tolerância. Pelo antigo critério, a meta já havia sido ultrapassada em oito ocasiões: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021, 2022 e 2024.

A sequência recente de resultados acumulados do IPCA em 12 meses mostra os seguintes percentuais:

  • Janeiro: 4,56%

  • Fevereiro: 5,06%

  • Março: 5,48%

  • Abril: 5,53%

  • Maio: 5,32%

  • Junho: 5,35%

O grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela alta no índice acumulado em junho, com elevação de 6,66%.

O regime de metas de inflação foi instituído no Brasil em 1999. Em 2023, o CMN aprovou uma resolução determinando a adoção do modelo contínuo a partir de 2025. Nesse formato, o cumprimento da meta é avaliado de forma móvel, a cada mês, e não mais exclusivamente em dezembro de cada ano.

Segundo o Banco Central (BC), o novo regime evita que variações temporárias, como oscilações nos preços de alimentos ou petróleo, caracterizem automaticamente o descumprimento da meta.

Sempre que a meta é superada, o presidente do BC deve encaminhar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, que preside o CMN, explicando os motivos do descumprimento, as medidas previstas para corrigir o desvio e o prazo estimado para que a inflação volte ao intervalo de tolerância. O histórico dessas cartas está disponível no site da autoridade monetária.

O episódio de 2017 foi o único em que a inflação ficou abaixo do piso da meta, com o IPCA encerrando o ano em 2,95%, ante um piso de 3%. O maior estouro registrado foi em 2002, quando o IPCA atingiu 12,53%, ultrapassando o teto de 5,5%. Em 2021, o índice chegou a 10,06%, em meio aos impactos econômicos da pandemia.

De acordo com o BC, o regime de metas é um instrumento para assegurar a estabilidade de preços. “A meta confere maior segurança sobre os rumos da política monetária, mostrando para a sociedade, de forma transparente, o compromisso do BC com a estabilidade de preços”, informa o órgão.

A autoridade monetária também destaca que a previsibilidade ajuda no planejamento de famílias, empresas e governos. O BC aponta que tanto inflação alta quanto inflação muito baixa ou deflação podem ser prejudiciais à economia, afetando o consumo, o crescimento e o emprego.

A principal ferramenta do BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias. Atualmente, a taxa está em 15% ao ano, o maior nível desde o início do ciclo de alta em setembro de 2024.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, declarou que a Selic deve permanecer elevada por um período prolongado para garantir o retorno da inflação aos limites da meta.

Com informações de Agência Brasil
Imagem: Envato

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