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Tarifas fazem consumidores americanos diminuírem compras em Shein e Temu

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Antes vistas como protagonistas no boom da fast fashion, Shein e Temu agora enfrentam um cenário em que consumidores estão preferindo comprar roupas em outros sites. Tarifas mais altas sobre produtos da China e mudanças na regra de de minimis complicaram a estratégia que tornava empresas atraentes para consumidores que buscam economia: utilizar uma cadeia de suprimentos baseada na China e enviar pacotes pequenos para evitar taxas de importação adicionais.

As tarifas do Dia da Libertação impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no início de abril, afetaram os gastos dos consumidores. Shein e Temu anunciaram que precisariam aumentar os preços para compensar o impacto, mas depois voltaram atrás.

Os gastos dos consumidores com Shein e Temu caíram mais de 10% e 20%, respectivamente, na semana encerrada em 11 de maio, segundo dados da Consumer Edge. Desde então, nenhuma das duas marcas apresentou uma recuperação significativa, de acordo com Michael Gunther, vice-presidente e chefe de insights do instituto de inteligência de dados.

Embora ambas as empresas já estivessem registrando desaceleração nas vendas em 2025, houve uma queda acentuada após o anúncio das tarifas em abril, segundo a empresa de agregação de dados Similarweb.

Desde os anúncios, o comportamento de compra dos consumidores mudou rapidamente, conforme mostram os dados da Similarweb. Algumas empresas tiveram picos momentâneos, como as plataformas TikTok Shop e DHgate. Enquanto isso, players mais consolidados como Shein e Temu enfrentam mudanças duradouras.

“Nos EUA, veremos um reequilíbrio, e não acho que voltaremos aos níveis [de consumo em Shein e Temu] que vimos anteriormente com essas empresas”, disse Ben Parkes, da área de serviços de consultoria da Similarweb para bens de consumo e varejo.

Nesse contexto, a Amazon surge como um dos principais players que podem se beneficiar da mudança de hábito dos consumidores norte-americanos na fast fashion.

“Acredito que veremos um salto em algumas marcas da Amazon que já tinham presença e agora estão reforçando essa área”, afirmou Parkes.

Nos últimos seis meses, a categoria de roupas femininas na Amazon cresceu mais de 26%, segundo dados da Similarweb. Três das cinco principais marcas do segmento são de vendedores terceirizados da China que utilizam a rede de logística da Amazon. A grande maioria (92%) das roupas femininas vendidas na Amazon vem de vendedores terceirizados.

No caso das roupas masculinas, os números são diferentes. A categoria cresceu apenas 4% no mesmo período e nenhuma das principais marcas é chinesa. Vendedores terceirizados respondem por 57% das vendas dessa categoria.

“No longo prazo, é difícil prever para onde isso vai, mas agora estamos vendo uma migração para a Amazon em roupas femininas”, disse Parkes.

A gigante do e-commerce recentemente estendeu seu evento anual Prime Day de dois para quatro dias. Embora a Amazon não tenha explicado diretamente o motivo da mudança, a empresa pode ver isso como uma oportunidade de capitalizar em cima da fraqueza atual de Shein e Temu, segundo Gunther.

“Talvez estejam tentando tirar vantagem dessa situação”, disse Gunther. “Não consigo imaginar que nenhuma dessas empresas vai ficar parada.”

Mas não é apenas a Amazon que está se beneficiando da perda de participação de mercado de Shein e Temu.

Outros varejistas de fast fashion, como Asos e Zara, registraram aumento nos gastos por parte de consumidores que antes compravam em Temu e Shein, segundo a Consumer Edge.

Lojas de desconto como Ollie’s Bargain Outlet também viram crescimento no volume de compras desses clientes, assim como marcas de roupas esportivas como Columbia e Footlocker. Lojas de departamento como Bloomingdale’s e Nordstrom Rack também ganharam espaço, além de marcas voltadas para o público jovem como Aeropostale e American Eagle.

Como Shein e Temu estão respondendo à desaceleração nos EUA?

Para o futuro, Parkes acredita que empresas como a Temu devem começar a desenvolver sua cadeia de suprimentos nos Estados Unidos.

“A maior mudança que veremos na moda dos EUA será na cadeia de suprimentos”, disse Parkes. “Se você pensar em como [Shein e Temu] operavam anteriormente, com a regra de de minimis, elas dependiam do envio de pacotes pequenos, o que agora se tornou um desafio.”

A Temu anunciou a intenção de localizar sua cadeia de suprimentos ao reverter o aumento de preços anteriormente previsto por conta das tarifas, justificando a mudança como parte de um modelo de distribuição mais local.

Enquanto isso, tanto Shein quanto Temu parecem ter direcionado seus gastos em marketing para outros países fora dos EUA.

Nas três primeiras semanas de maio, as vendas da Temu na União Europeia cresceram mais de 60%, contra 40% a 50% registrados em março e abril, segundo a Consumer Edge.

Detalhando por país, a França apresentou o maior crescimento, com aumento superior a 100% de abril para maio, impulsionado possivelmente por maior investimento em publicidade, segundo os dados.

Para a Shein, as vendas na UE cresceram quase 20% em maio, em comparação com um crescimento de dois dígitos baixos em abril. No Reino Unido, o crescimento das vendas foi de quase 50% em relação ao ano anterior.

“As duas empresas estavam claramente tentando diversificar geograficamente, talvez já se preparando para um aumento nas tensões comerciais”, afirmou Gunther. “Mas esses ganhos parecem ter se mantido ou até acelerado. Acho que muito disso vai depender do ambiente regulatório [na Europa].”

No entanto, os EUA continuam sendo um mercado muito mais importante para ambas. “Se você está vendo grandes aumentos na Europa e quedas expressivas nos EUA… isso não é algo positivo [no saldo final] para elas”, disse Gunther.

Imagem: Reprodução
Informações: Laurel Deppen para Retail Dive
Tradução livre: Central do Varejo

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