Operação
ThredUp torna tecnologia de revenda gratuita para todos e planeja novo serviço entre consumidores

A plataforma de revenda online americana ThredUp deu um passo ousado em sua missão de promover o desenvolvimento do varejo circular de forma mais ampla. A empresa está tornando gratuita e de código aberto sua tecnologia de resale-as-a-service (RaaS), o que significa que o código que impulsiona suas lojas de revenda com marca própria agora está disponível para qualquer empresa acessar e utilizar sem custo.
A ThredUp também anunciou uma série de planos ambiciosos para o restante de 2025, incluindo o lançamento de um novo marketplace peer-to-peer (de consumidor para consumidor) previsto para o final deste ano, novas soluções para auxiliar varejistas com devoluções e a inclusão de suporte para roupas masculinas — até então, a empresa focava apenas em peças femininas e infantis.
Atualmente, a ThredUp opera como um marketplace gerenciado, no qual clientes e marcas enviam produtos que são avaliados, armazenados, listados e vendidos pela própria ThredUp. Com a nova oferta peer-to-peer, os consumidores poderão vender diretamente para outros consumidores. Esse formato também poderá ser integrado pelas marcas em suas lojas de revenda próprias, desde que estejam baseadas na agora gratuita tecnologia RaaS da ThredUp. É por meio dessa nova funcionalidade que a empresa começará a oferecer suporte à revenda de roupas masculinas pela primeira vez.
Tornando a revenda mais acessível e econômica para todos
A maior novidade, no entanto, é a liberação gratuita do RaaS, movimento motivado pela percepção de que “o mercado está evoluindo de formas que consideramos contraproducentes para a construção de modelos de negócio circulares em escala,” afirmou o CEO da ThredUp, James Reinhart, durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre.
Reinhart destacou que, hoje, grande parte dos produtos vendidos em plataformas de revenda online são, na verdade, excedentes de estoque ou devoluções — e não bens usados genuínos. “Isso acontece porque as marcas não conseguem escalar seus programas de recompra e circularidade, e acabam preenchendo suas lojas com produtos de outras marcas. Na prática, estão pagando por software, gestão e consultorias em programas que pouco contribuem para uma estratégia circular de fato,” explicou o executivo.
A ThredUp apresentou a iniciativa como uma oportunidade para os varejistas, especialmente em um momento de incerteza econômica. A proposta não apenas facilita a entrada em um segmento do varejo em rápida expansão, como também ajuda as marcas a evitarem tarifas, ao ativar cadeias de suprimento domésticas e incorporar sustentabilidade em seus negócios centrais.
“Achamos que a revenda com marca própria tem sido limitada pela falta de tecnologia e operações sofisticadas. Por isso, decidimos abrir nosso front-end e a cadeia logística de back-end para incentivar marcas a terem mais impacto,” afirmou Reinhart. “Acreditamos que o valor neste ecossistema está na camada de operações e tecnologia — e na capacidade de processar produtos de segunda mão em escala e colocá-los à venda da forma mais eficiente possível. Isso nunca foi tão relevante quanto agora, em meio às disrupções nas cadeias de suprimento globais.”
Criação de uma “camada universal de recommerce”
A tecnologia RaaS da ThredUp servirá como base para o que a empresa espera que se torne uma “camada universal de recommerce”, capacitando mais marcas a construírem programas de revenda circulares com impacto e baixo custo — algo comparável ao que a Amazon Web Services representa para serviços em nuvem ou o Shopify para pequenos negócios.
As empresas que já utilizam o RaaS da ThredUp — como American Eagle, Fabletics, J.Crew, Gap, Vera Bradley, entre outras — deixarão de pagar taxas pelas lojas de revenda com marca própria e passarão a pagar menos pela utilização do programa Clean Out, que permite às marcas enviarem produtos usados de seus clientes para serem processados e vendidos pela ThredUp.
Já as marcas que ainda não utilizam o RaaS agora podem criar sua própria loja de revenda gratuitamente, com integração ao programa Clean Out, pagando apenas a nova taxa de uso reduzida. Nessas lojas, as marcas receberão uma porcentagem sobre as vendas feitas com o estoque da ThredUp e manterão 100% da receita obtida com itens de segunda mão adicionados diretamente por elas.
Outros serviços incluídos no RaaS 2.0:
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Acesso à rede de parceiros de limpeza e reparo da ThredUp, permitindo integração de serviços acessíveis de manutenção;
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Suporte de marketing, com anúncios personalizados nas páginas de produtos da marca dentro da plataforma ThredUp, sem custos adicionais, além de colaborações em redes sociais para reforçar o posicionamento das marcas em revenda;
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Acesso à rede de parceiros de pós-venda da ThredUp, garantindo descarte ambientalmente consciente de peças não vendáveis, junto com dados para aprimorar os programas de revenda;
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Integração com ferramentas de busca e descoberta com inteligência artificial da ThredUp, oferecendo uma experiência otimizada ao cliente;
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Soluções para excesso de estoque e devoluções, permitindo que as marcas aumentem sua receita ao movimentar inventários parados tanto por meio da plataforma quanto de suas próprias lojas de revenda.
ThredUp registra alta em receita e compradores no 1º trimestre
Os anúncios acompanham um trimestre de resultados expressivos para a ThredUp. A receita trimestral atingiu o recorde de US$ 71,3 milhões, um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de compradores ativos também cresceu 6% no ano, chegando a 1,37 milhão de pessoas, e a empresa teve seu melhor trimestre de todos os tempos em aquisição de novos clientes. Com isso, a ThredUp elevou sua projeção para o ano, algo raro em meio ao atual cenário econômico.
Imagem: Divulgação
Informações: Nicole Silberstein para Retail TouchPoints
Tradução livre: Central do Varejo