Comportamento

Uso de canetas emagrecedoras muda consumo alimentar

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Uma pesquisa da Varejo 360, apresentada ao público no Latam Retail Show, revelou que o crescente uso de canetas emagrecedoras pela população tem mudado padrões de consumo no varejo. Enquanto alguns mudam para hábitos alimentares mais saudáveis, outros usuários estão voltando a consumir itens antes evitados, como refrigerantes tradicionais e cervejas.

Em um cenário em que a obesidade é um problema mundial de saúde pública (com cerca de 57% dos adultos brasileiros vivendo com sobrepeso ou obesidade segundo a OMS), a adesão às canetas emagrecedoras tem aumentado muito. Somente entre 2022 e setembro de 2023, houve um aumento de 70,7% na taxa de prescrição de Semaglutida nos Estados Unidos. 

À princípio, esses medicamentos eram usados apenas no tratamento da diabetes tipo 2; mais recentemente, foram descobertos seus efeitos emagrecedores, e, progressivamente, seu uso tem sido aprovado por agências reguladoras para esse fim. 

Segundo uma pesquisa da Reds Research, 19% dos brasileiros já usaram uma caneta emagrecedora. O principal público são mulheres acima de 40 anos, das classes A e B; porém, apenas 9,5% dos consumidores compraram o medicamento cinco vezes ou mais, chamando atenção para o alto custo que o tratamento possui.

A partir do crescente uso, diversas esferas da sociedade passam a ser impactadas — inclusive, o varejo. Setores como o de vestuário, estética, drogarias e alimentação podem ser afetados, segundo projeções.

A pesquisa da Varejo 360 analisou os efeitos econômicos dos medicamentos “emagrecedores” na indústria de alimentos, tanto no consumo dentro quanto fora do lar. Foram avaliados os hábitos de compra de 246 shoppers, comparando o período de 12 meses antes da aquisição do primeiro medicamento com os 12 meses seguintes.

Os resultados apontam que, enquanto alguns consumidores migram para hábitos mais saudáveis depois de iniciar o tratamento, outros começam a ter hábitos alimentares mais autoindulgentes. O consumo de refrigerante, por exemplo, aumentou entre 52% dos usuários das canetas emagrecedoras; na contramão, 48% das pessoas diminuíram o consumo. 

Alguns alimentos que foram menos consumidos a partir do uso da semaglutida foram: creme de avelã (-15%), pipoca pronta (-16%), balas (-15%), queijo tradicional (-11%), sal (-13%), sorbet (açaí) (-9%) e iogurte (-5%). Alguns que tiveram aumento foram: chocolate (1%), sorvete take home (2%), cobertura (4%), leite integral (7%), achocolatado em pó (8%), açúcar refinado (10%)paçoca rolha (21%), pipoca de microondas (14%) e refresco em pó (16%).

“É como se o consumidor dissesse: ‘Agora posso tomar o que gosto, sem precisar da versão light’”, explica Fernando Faro, fundador e sócio da Varejo 360. O estudo também identificou que a substituição de alimentos sólidos por líquidos é uma tendência entre os usuários frequentes.

Imagem: David Trinks/Unsplash

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