Inovação
Uso estratégico de IA pode gerar US$ 4,4 trilhões por ano, diz estudo da McKinsey

Durante painel promovido pela McKinsey & Company com executivos da América Latina, Javier Mata, CEO da Yalo, afirmou que as empresas que não incorporarem inteligência artificial (IA) às suas operações estão com os dias contados. Segundo ele, “em poucos anos, só existirão dois tipos de empresas: as que usam IA de forma estratégica e as que ficaram para trás”.
Dados apresentados no evento reforçaram a avaliação do executivo. De acordo com estudo recente da própria McKinsey & Company, o uso da IA generativa pode gerar até US$ 4,4 trilhões em valor por ano, montante comparável ao Produto Interno Bruto da Alemanha. Conforme explicou Lucho Salcedo, sócio sênior da consultoria, o maior impacto será em áreas como marketing, vendas, varejo e bens de consumo. “Só em vendas e marketing, o potencial de impacto é de US$ 1,2 trilhão. E, quando olhamos para o varejo, falamos de até US$ 390 bilhões. É um salto de produtividade inédito”, disse.
Apesar do potencial, Salcedo alertou que 89% dos projetos de IA falham ao tentar escalar. “Muitas empresas fazem pilotos, mas não conseguem implantar de forma estruturada. Faltam clareza de valor, cultura de adoção e liderança ativa”, afirmou.
O painel também discutiu o papel dos agentes inteligentes como uma das grandes promessas da atual onda de automação. Esses sistemas são capazes de executar tarefas com autonomia, interagir com clientes de forma contextualizada e simular raciocínio humano. Já estão sendo utilizados por empresas de setores como varejo, serviços financeiros e indústria.
A Yalo, que atende empresas como Coca-Cola, Nestlé e Unilever, anunciou recentemente o lançamento do Oris, descrito como o primeiro agente de vendas inteligente. A ferramenta foi desenvolvida para atuar como um “funcionário digital”, vendendo com base em dados e em escala semelhante à de vendedores humanos. Segundo a empresa, a solução pode triplicar as taxas de conversão em relação aos e-commerces tradicionais e aumentar o ticket médio em até 40%.
Atualmente, a Yalo afirma ter implementado agentes inteligentes em mais de 4 milhões de lojas e alcançado 100 milhões de consumidores, resultando em mais de US$ 4 bilhões em vendas anuais. Os dados apresentados incluem aumento de 44% no ticket médio, melhoria de 48% no mix de produtos e redução de atritos em jornadas de compra por meio de atendimento automatizado em canais como WhatsApp, aplicativos e sites.
Javier Mata afirmou que “a promessa da digitalização falhou em muitos pontos. Sites ainda convertem apenas 0,3 de cada 10 visitantes. Lojas físicas convertem 3. O que falta? Um bom vendedor. Os agentes de IA estão trazendo isso de volta para o digital”. Ele acrescentou que empresas que adiarem a adoção de IA enfrentarão barreiras competitivas difíceis de reverter.
Lucho Salcedo reforçou a importância da adoção antecipada: “Em todos os setores, quem chega primeiro capta o maior valor. Estratégias do tipo ‘esperar para ver’ já se provaram ineficazes”. Para o executivo, a adoção da tecnologia exige uma estratégia estruturada que inclua clareza sobre o valor a ser gerado, tecnologia flexível, profissionais capacitados, estratégia de dados, produtos reutilizáveis e cultura organizacional preparada.
Javier Mata concluiu que a inteligência artificial precisa ser compreendida além da área de tecnologia. “Todos, de marketing a operações, precisam entender como criar e usar agentes. Não basta integrar um modelo como o ChatGPT e esperar resultado. Um agente em produção exige arquitetura robusta, curadoria de respostas, testes de escala e integração com sistemas de negócio”.
Segundo ele, a aplicação da IA não resultará na eliminação de empregos, mas na redefinição de funções. “O vendedor, por exemplo, deixa de ser um operador de tarefa repetitiva e passa a ser um estrategista de relacionamento e crescimento. A IA cuida do volume, o humano cuida do valor”, afirmou.
Imagem: Divulgação