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Web Summit Rio: OpenAI destaca papel da América Latina no futuro da inteligência artificial

Em sua palestra no primeiro dia do Web Summit Rio, Nico Andrade, Head of Global Affairs da OpenAI para a América Latina, destacou o avanço do uso da inteligência artificial na região e o papel central que a América Latina pode desempenhar no futuro da tecnologia global.
Segundo Andrade, sua missão é assegurar que a inteligência artificial geral — definida como uma IA tão inteligente quanto um ser humano — beneficie toda a humanidade. “Aqui na América Latina, nosso trabalho é garantir que a tecnologia seja usada para resolver problemas locais e promover inclusão”, afirmou.
Entre os projetos desenvolvidos pela OpenAI na região, ele destacou o FavelaGPT, em parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro, que leva acesso gratuito ao ChatGPT para moradores de 13 favelas, e o AmazonGPT, que, em colaboração com a Universidade do Amazonas, utiliza sensores para monitorar a biodiversidade e a qualidade da água na floresta. A OpenAI também apoia startups de educação através da Fundação Lemann, demonstrando o potencial da IA para impulsionar a inovação social.
Andrade destacou o papel pioneiro da América Latina na adoção de novas tecnologias, citando exemplos como a JusBrasil, que usa IA para simplificar a linguagem jurídica, o Nubank, que integra GPT para aprimorar seus serviços, e empresas agrícolas que utilizam inteligência artificial para reduzir o uso de pesticidas e aumentar a produtividade no campo.
Durante sua apresentação, o executivo explicou como a OpenAI treina seus modelos de linguagem em três etapas: pré-treinamento, pós-treinamento e fine-tuning. Ele ressaltou a importância de remover dados inadequados — como discurso de ódio e informações pessoais — já na primeira etapa, além de adotar práticas de diversidade para evitar vieses culturais na formação dos modelos.
Falando sobre os impactos da IA na sociedade, Andrade comparou o momento atual à introdução da calculadora nas escolas, enfatizando que, assim como naquele momento, a IA não substitui habilidades humanas, mas amplia o potencial de atuação. “A transformação do mundo do trabalho continuará, mas a tendência é que a IA aumente a eficiência das pessoas, sem eliminar empregos”, afirmou, citando o exemplo dos caminhoneiros nos Estados Unidos, onde, apesar de tecnologias de direção autônoma, a profissão continua altamente demandada.
Outro ponto central da palestra foi a necessidade de uma regulação adequada da inteligência artificial. Andrade defendeu que o desenvolvimento da IA ocorra em países democráticos, ressaltou a importância de investimentos em infraestrutura e apontou a necessidade de mecanismos de “benefit sharing” para garantir que as vantagens da tecnologia cheguem ao Sul Global. “A América Latina está muito bem posicionada para liderar essa discussão”, destacou.
Em relação às novidades da OpenAI, Andrade anunciou que o custo de APIs continuará a cair, tornando a tecnologia mais acessível. Ele também apresentou o Operator — ferramenta que executa tarefas simples como agendamento de viagens — e destacou o Deep Research, tecnologia que permite a realização de tarefas complexas que anteriormente exigiriam equipes inteiras.
Em um anúncio inédito, o executivo revelou o lançamento da integração de busca no “1800 ChatGPT”, uma iniciativa que permite a interação com o ChatGPT via WhatsApp — plataforma amplamente utilizada na América Latina. A ferramenta promete ampliar o acesso gratuito à IA de forma prática e sem publicidade.
Nico Andrade encerrou a palestra com uma mensagem de otimismo: “A América Latina é uma das regiões mais criativas do mundo na aplicação da inteligência artificial. Vamos continuar trabalhando para garantir que a AGI (Inteligência Artificial Geral) beneficie toda a humanidade.”
Imagem: Ygor Piva