E-commerce
Shein tem preço 52% menor do que demais varejistas, aponta BTG
Relatório se baseou em cesta de oito produtos e comparou os valores cobrados pelo chineses com os de Riachuelo, C&A e Renner
A chinesa Shein tem preço 52% menor do que as varejistas brasileiras de moda que têm ações negociadas na bolsa, segundo um relatório do BTG Pactual. O relatório se baseou em uma cesta de oito produtos, incluindo vestido, calça jeans, jaqueta, saia, moletom, camiseta, botas e bolsa. A cesta totaliza R$648 na Shein, enquanto custa R$989 na Riachuelo e R$990 na C&A. A Renner é ainda mais cara, com uma cesta de R$1.089. O relatório destaca que a Shein se beneficia de uma brecha no pagamento de impostos que permite que os vendedores enviem US$800 em produtos diariamente da China para os Estados Unidos sem pagar taxas. Além disso, a média de preços dos itens comercializados pela Shein é de US$11, o que a isenta de impostos de importação de 16,5% e de um imposto chinês de 7,5%.
A Shein tem preço 52% menor, sendo uma opção atraente para consumidores que buscam preços baixos, mas a empresa pratica preços 1% mais altos no Brasil do que nos Estados Unidos. Ajustada por poder de compra, essa diferença fica em 111%, tornando o Brasil um dos países mais caros para a plataforma de varejo chinesa. Além disso, a estratégia da varejista de fabricar produtos no Brasil e ter 85% de suas vendas nacionalizadas nos próximos quatro anos levanta dúvidas sobre como a empresa conseguirá manter seus preços baixos. Em entrevista ao EXAME IN, o chairman da Shein, Marcelo Claure, afirmou que a empresa conseguirá atingir esse objetivo com a redução de custos atrelados à importação, mas não forneceu mais detalhes.
Embora os valores sejam atraentes para os consumidores, alguns investidores e observadores do mercado têm levantado preocupações sobre a ética da Shein. A empresa ainda não divulgou completamente seus critérios de trabalho e, como resultado, alguns temem que a empresa possa estar explorando funcionários. Fábio Alperowitch, fundador da Fama Investimentos, comparou os preços da Shein com os da Renner, que tem credenciais de sustentabilidade, levantando questões sobre se os consumidores deveriam optar por preços mais baixos em detrimento de práticas de trabalho éticas. Além disso, a Shein enfrenta desafios semelhantes aos de empresas locais ao escalar sua capacidade de produção.
No entanto, a Shein tem várias vantagens, incluindo sua velocidade em disponibilizar produtos ao mercado e sua estratégia consolidada de vendas sociais. Além disso, a produção nacional pode ajudar a empresa a rastrear sua cadeia de suprimentos de forma mais eficaz e melhorar suas credenciais de sustentabilidade. A empresa planeja investir US$150 milhões na produção nacional e gerar 100 mil empregos ao longo dos próximos três anos. Embora a companhia enfrente desafios significativos em relação à concorrência e à gestão da cadeia de suprimentos, seu rápido crescimento e sua presença global mostram que a estratégia da empresa está funcionando.
Outra vantagem da Shein é a sua abordagem centrada no cliente, que enfatiza a personalização e a acessibilidade dos produtos. Com uma ampla gama de roupas e acessórios disponíveis a preços competitivos, a empresa atrai uma base de clientes diversificada em todo o mundo. A Shein também utiliza uma combinação de tecnologia e dados para entender melhor o comportamento dos clientes e ajustar suas ofertas de produtos de acordo com as tendências do varejo.
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