Operação
Regulação da China sobre Vale pode baixar preços para varejo nacional
Ações da mineradora na Ibovespa tiveram diversas quedas seguidas devido a ações de importação da China
Na última quinta-feira, 7, a China anunciou que voltaria a regular as mineradoras, observando ‘possíveis desvios regulatórios’. A medida impactou o preço das ações da Vale, grande exportadora de minério de ferro para o país, e também indica uma preocupação em baixar o preço do commodity, que teve alta de 14,4% no mês passado.
Diante do anúncio, as ações da Vale, que representam boa fatia da Ibovespa, com cerca de 13% (a maior representação de uma empresa na bolsa brasileira), caíram durante toda a semana passada, com a maior baixa na sexta-feira, 8, de -1,90%.
“Há um risco muito grande de um colapso no mercado imobiliário chinês, e a indústria imobiliária demanda muito ferro. O aço é uma das grandes linhas de minério de ferro exportadas pela Vale. As ações que o governo chinês está tomando são para evitar que esse colapso ocorra. Uma vez que o mercado imobiliário se estabilize, tende a voltar a crescer de forma mais acelerada a demanda por minério de ferro. Mesmo que haja uma regulamentação, a China vai continuar sendo dependente da Vale para suprir a sua necessidade desse tipo de commodity”, afirma Acilio Marinello, coordenador da Trevisan Escola de Negócios e economista.
Impactos para o varejo
Para Marinello, as empresas brasileiras que dependem do minério de ferro devem se beneficiar da queda da exportação do produto para a China, o que pode até impactar no preço de produtos para o consumidor final. “A indústria varejista brasileira pode se beneficiar com essa variação no mercado internacional, uma vez que essa commodity é um produto básico consumido por essas empresas. Elas comprando o aço mais barato, conseguem produzir produtos mais baratos e entregam para o varejo com preço mais acessível, facilitando a venda desses produtos”, explica Marinello.
É hora de voltar a investir na Vale?
Diante da queda nas ações da empresa, e também num contexto de recuperação da sua imagem depois dos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho, investidores têm se perguntado: é uma boa ideia investir na empresa? Marinello responde que sim.
“É um ativo que eu costumo dizer que é excelente para equilibrar qualquer carteira de investimento para qualquer perfil de investidor. A empresa tem bastante caixa, uma dívida que não compromete a curto prazo o seu balanço, produz uma commodity que é valorizada e um item essencial para o mundo como um todo e não tem uma dependência de um ou dois mercados para manter a sua subsistência. Então, acho que é a hora de voltar aproveitar que as ações estão um pouco mais baratas”, afirma.