Colunistas
De um outubro rosa, por um ano todo rosa
Receber um diagnóstico de câncer nunca será uma das notícias que queremos vivenciar. Eu vivenciei por três vezes e confesso que foram, por três vezes, os piores momentos que vivi. Mas o último diagnóstico não foi apenas um pior momento, foi um momento devastador. Ele veio carregado de sentimento de culpa, que só depois de um tempo que eu entendi que não era minha culpa. Como disse meu oncologista, segurando a minha mão, “você não fez nada errado, o câncer que não deveria estar em você”.
O outubro rosa sempre foi o mês de referência na minha agenda para os exames periódicos anuais que toda mulher deve fazer, razão pela qual meu primeiro diagnóstico de câncer de mama veio deste check-up anual. E esta é a importância deste movimento internacional, que objetiva a conscientização pela prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, iniciado nos anos 90 nos Estados Unidos e que foi cada vez mais ganhando força e é atualmente gera uma mobilização que impacta a todos.
O diagnóstico me levou a olhar que este movimento não poderia ser apenas um engajamento de redes sociais, no qual eu colocaria uma foto rosa, mas considerar onde meus braços alcançam para informar mulheres ao meu redor mesmo, sobre a importância de estar com exames em dia, do autocuidado, do autoexame, do bem-estar. Sob o olhar empresarial, muitas empresas estão comprometidas com o movimento e realizando ações reais, como: arrecadações de lenços, estímulo aos exames, palestras para as equipes, apoio a ONGs que atuam com pacientes oncológicos.
Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama tem uma alta taxa de cura, fala-se em 95% de taxa de cura. Neste aspecto a consulta médica, mamografia (existe uma recomendação para que seja realizada a partir dos 40 anos quando não tem outra indicação de antecipação) e demais exames de rotina são fundamentais para que a mulher possa acompanhar sua saúde. Por outro lado, precisamos também nos atentar as ações que ajudam na prevenção da doença, como: prática regular de exercícios físicos, boa alimentação, evitar consumo excessivo de álcool, não fumar.
E, tendo o diagnóstico, os cuidados com a saúde continuam, porque além de contribuírem com a redução de efeitos colaterais, ajuda no bem-estar físico e mental da paciente.
Hoje eu conVIVO (gosto de usar o “viver” e suas variações em letras garrafais porque eu realmente vivo) com o câncer de mama metastático, mesmo tendo o primeiro câncer sendo diagnosticado precocemente em novembro/2019, estava em remissão quando final de 2023 eu recebi este novo diagnóstico. Sigo em tratamento e, vale ressaltar o quanto a ciência tem avançado na busca incessante de melhores recursos para que os pacientes possam se beneficiar de uma vida longa e de qualidade.
Que não apenas o outubro seja rosa, mas que todo nosso ano possa ser rosa em autocuidado, saúde e bem-estar.
Imagem: Adriana Figueiredo de Paula
(*) Adriana Figueiredo de Paula é Diretora na empresa NextSoft Soluções em Tecnologia, formada em administração de empresas, com especialização em Controladoria e MBA em Varejo. Com experiência grandes redes de franquias nas quais atuou em cargos executivos.