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Cadeias de suprimentos da moda: riscos e tendências para 2025

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As cadeias de suprimentos da moda enfrentam pressões intensas em 2025 devido a uma série de desafios relacionados à aquisição de matérias-primas, mão de obra e gestão logística.

Os líderes de moda que participaram da pesquisa executiva State of Fashion da BoF-McKinsey — realizada com 345 indivíduos entre agosto e outubro de 2024 — demonstraram pessimismo em relação ao ano que está por vir. Segundo os resultados, 39% dos executivos de moda esperam que as condições do setor piorem, enquanto 41% acreditam que o mercado permanecerá o mesmo.

“Consequentemente, 2025 provavelmente será um momento decisivo para muitas marcas”, afirma o relatório State of Fashion 2025 da McKinsey. “Por outro lado, ainda há oportunidades para marcas que agirem com agilidade e se adaptarem rapidamente às turbulências de um mercado caótico.”

A seguir, estão três tendências que as cadeias de suprimentos da moda precisarão enfrentar este ano:

Navegando pelos possíveis impactos de tarifas

O segundo mandato do presidente Donald Trump apresenta riscos às cadeias de suprimentos da moda, com tarifas sendo uma das principais preocupações, segundo Sheng Lu, professor e diretor de estudos de pós-graduação no Departamento de Moda e Vestuário da Universidade de Delaware.

Trump assinou ordens executivas implementando tarifas sobre importações do Canadá, México e China no fim de semana. Embora as tarifas para o México e o Canadá estejam adiadas até março, os impostos sobre produtos fabricados na China já entraram em vigor nesta terça-feira, levando o país a anunciar tarifas em retaliação.

Segundo Lu, as tarifas podem aumentar os custos de aquisição, gerar pressão inflacionária e, consequentemente, impactar o poder de compra dos consumidores e a economia dos EUA como um todo.

“O Índice de Preços ao Consumidor já está elevado, e continuar aumentando as tarifas sobre produtos e vestuários fabricados na China seria como ‘jogar gasolina no fogo’”, destacou Lu.

No entanto, empresas do setor de moda já vêm se preparando para enfrentar essas tarifas. Enquanto varejistas de desconto como a TJX acreditam que as tarifas trarão oportunidades, muitas outras empresas já elaboraram planos para mitigar o impacto dos impostos elevados.

Em novembro, a Steve Madden anunciou aos analistas sua intenção de reduzir as importações da China em até 45%. De forma semelhante, a varejista de artigos esportivos Academy Sports and Outdoors diminuiu o percentual de produtos que adquire da China para se posicionar melhor para os próximos quatro anos.

Apesar da diversificação das práticas de aquisição, as redes de produção devem continuar se concentrando na Ásia, afirmou Lu.

De acordo com a perspectiva da McKinsey, “as marcas de moda provavelmente intensificarão os esforços para diversificar sua presença na Ásia e lançarão as bases para a produção próxima (nearshoring)”. Comparado a um cenário-base de 2019, as importações de vestuário e têxteis dos EUA provenientes da China caíram seis pontos percentuais em 2023. Enquanto isso, nos últimos cinco anos, a participação dos investimentos na produção próxima de vestuário aumentou 20 pontos percentuais nos EUA.

A United States Fashion Industry Association afirmou à publicação irmã Supply Chain Dive que os stakeholders estão interessados em expandir a aquisição de produtos nos EUA e no Hemisfério Ocidental, especialmente com parceiros de Acordos de Livre Comércio (Free Trade Agreement). No entanto, a maioria das marcas adotará uma abordagem de “esperar para ver” com base na implementação das tarifas.

Alterações na isenção de minimis

Possíveis mudanças no limite de isenção de minimis — crítico para as cadeias de suprimentos de comércio eletrônico transfronteiriço — também afetarão marcas globais de moda. Algumas alterações já foram implementadas, com as ordens executivas de Trump desta semana incluindo uma cláusula que elimina a elegibilidade para produtos “de origem majoritariamente chinesa”, segundo um comunicado da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (U.S. Customs and Border Protection).

A isenção permite que empresas evitem impostos sobre importações com valor inferior a US$ 800. Mercados de moda ultrarrápida, como Temu e Shein, têm se beneficiado dessa regra.

Com legisladores dos EUA buscando restringir as importações chinesas, a recente mudança (e possíveis alterações futuras) na regra de minimis pode causar impactos nas cadeias de suprimentos, levando a preços mais altos e prazos de entrega mais longos.

Caso eliminada, o preço de alguns produtos da Shein e da Temu pode subir até 20%, de acordo com a McKinsey.

“Com as novas tarifas de Trump se aproximando, alguns argumentam que fechar a ‘brecha’ do de minimis tornou-se ainda mais urgente, pois oferece incentivos financeiros para usar a regra e evitar o aumento tarifário”, afirmou Lu antes da publicação das ordens executivas.

Melhorando a transparência trabalhista

Os problemas relacionados à força de trabalho continuam sendo um desafio persistente para as cadeias de suprimentos da moda, segundo líderes do setor.

Imagem: Envato
Informações: Kelly Stroh para Fashion Dive
Tradução livre: Central do Varejo

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