Franchising
Como a inteligência de dados está revolucionando as franquias no Brasil

A inteligência de dados deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade para redes de franquias que buscam expansão, eficiência e previsibilidade. Do marketing à escolha do ponto comercial, do controle de estoque ao relacionamento com franqueados, dados bem analisados têm se tornado o combustível de redes de sucesso. Em um universo com mais de 195 mil unidades franqueadas no país, a busca por eficiência na gestãoe padronização de performance tem feito com que cada vez mais marcas adotem tecnologias e estratégias baseadas em dados.
A inteligência de dados permite que franqueadoras tomem decisões estratégicas com base em análises concretas e não apenas na intuição. Com ferramentas de BI (Business Intelligence), plataformas de CRM, ERPs integrados e análises preditivas, é possível acompanhar indicadores de performance em tempo real, identificar gargalos e antecipar tendências. Antes mesmo de uma unidade abrir as portas, é possível prever o desempenho dela com base em localização, perfil demográfico, concorrência e hábitos de consumo.
Domino’s Brasil e o uso de BI para reverter gargalos operacionais
A Domino’s Pizza Brasil é um dos cases mais emblemáticos de aplicação de inteligência de dados no franchising nacional. A rede implementou dashboards integrados que monitoram desde o tempo médio de entrega até a performance de vendas por produto em cada unidade.
Com esses dados, a empresa conseguiu reduzir em 22% o tempo médio de entrega nas unidades próprias e franqueadas, além de detectar falhas na gestão de estoque em tempo real, evitando prejuízos com produtos vencidos. “A inteligência de dados nos permitiu tomar decisões rápidas e muito mais assertivas. Hoje, os dados estão no centro da nossa estratégia”, afirmou em entrevista à Exame o CEO da Domino’s Brasil, Carlos Eduardo Martins.
Outro uso crescente da inteligência de dados no franchising está na escolha de novos pontos comerciais. Ferramentas de geomarketing como OnMaps, Neoway e Geofusion permitem que franqueadoras analisem o potencial de consumo, densidade populacional, fluxo de pessoas e perfil socioeconômico antes de abrir uma nova unidade.
Segundo estudo da Geofusion, franquias que utilizam análises de geointeligência na expansão têm 34% mais chances de sucesso nos primeiros dois anos de operação, comparadas àquelas que escolhem pontos apenas por percepção ou “achismo”.
Além da operação e da expansão, os dados também têm sido cruciais para mapear o engajamento e a satisfação dos franqueados. Por meio de NPS (Net Promoter Score), pesquisas recorrentes e plataformas de feedback estruturado, redes conseguem detectar problemas de relacionamento, falta de suporte ou deficiências no treinamento.
A rede de clínicas Drogarias Farmais, por exemplo, adotou um painel de acompanhamento de NPS por unidade e conseguiu aumentar em 38% o índice de satisfação dos franqueados em apenas seis meses. “Com os dados, entendemos o que de fato impacta a experiência dos nossos franqueados e conseguimos agir com mais foco e velocidade”, explicou a diretora de operações da rede em reportagem ao Jornal Valor Econômico.
Cultura data-driven: um novo mindset para franqueadoras
Apesar das vantagens claras, ainda existe um grande desafio para as franqueadoras: construir uma cultura orientada a dados. Isso significa ir além da aquisição de ferramentas e desenvolver um mindset data-driven em toda a organização, capacitando franqueadores, consultores de campo e franqueados. É preciso democratizar o acesso aos dados, treinar o time e garantir que as decisões do dia a dia estejam ancoradas em informações confiáveis. Marcas que conseguirem adotar essa cultura de forma consistente serão as mais preparadas para o futuro.
A tendência é clara: o futuro da gestão de franquias está cada vez mais conectado à automação, análise preditiva, big data e inteligência artificial. O uso estratégico de dados permite que as redes cresçam com mais segurança, reduzam custos, melhorem a experiência do consumidor e entreguem melhores resultados para franqueados e investidores.
Para as marcas que ainda operam no modelo tradicional, fica o alerta: a transformação digital no franchising já começou — e quem ficar para trás pode não ter segunda chance.